24 fevereiro, 2012

A ROSA DE TREZE PÉTALAS – PARTE 1



O mundo físico onde vivemos, o universo que nos rodeia, observados objetivamente, são apenas uma parte de um sistema de mundos de uma vastidão inimaginável.



A maioria desses mundos são espirituais em sua essência; são de uma ordem diferente do nosso mundo conhecido.



O que não significa necessariamente que existam em algum outro lugar, mas que existem em dimensões diferentes do ser.



Mais ainda, os diversos mundos interpenetram-se e interagem de modo tal, que podem ser considerados contrapartidas entre si, cada um refletindo ou projetando-se no de baixo ou no de cima, com todas as modificações, mudanças e inclusive distorções que são resultado dessa interação.



A soma dessa troca infinitamente complexa de influências avançando e retrocedendo entre as diferentes esferas de ação é que abrange o mundo específico da realidade que experimentamos na nossa vida diária.



Ao falar de mundos superiores ou inferiores, não tenho a intenção de descrever uma relação física real; porque no campo de ação do espiritual não há tal divisão, e as palavras "alto" e "baixo" referem-se somente ao lugar de qualquer mundo particular, na escada da causalidade.



Chamar um mundo de mais alto, significa que ele é mais primário, mais básico em termos de estar mais próximo de uma fonte de influência primordial, enquanto um mundo inferior seria um mundo secundário — em certo sentido, uma cópia.



Porém, a cópia não é apenas uma imitação e sim um sistema completo, com vida própria mais ou menos independente, sua própria variedade de experiências, características e propriedades.



O mundo onde vivemos habitualmente, com tudo o que ele engloba, é chamado de "mundo da ação"; e ele inclui o mundo da nossa apreensão sensual e não sensual. Mas este mundo da ação em si mesmo não é tudo da mesma essência e da mesma qualidade.



A parte inferior do mundo da ação é o que se conhece como o "mundo da natureza física", e dos processos mais ou menos mecânicos — ou seja, o mundo onde a lei natural prevalece; acima deste mundo de natureza física há outra parte do mesmo mundo, que podemos chamar de "mundo da ação espiritual".



O que é comum a esses dois campos de ação do mundo da ação é o homem, a criatura humana situada de tal modo entre eles, que participa de ambos.



Formando parte do sistema físico do universo, o homem está subordinado às leis físicas, químicas e biológicas da natureza, enquanto que do ponto de vista de sua consciência, mesmo quando esta consciência está totalmente ocupada com assuntos de uma ordem inferior, o homem pertence ao mundo espiritual, o mundo das idéias. Com certeza, essas idéias do mundo da ação estão quase completamente ligadas ao mundo material, crescendo dele e avançando, porém nunca saindo dele realmente; e isto é tão verdadeiro para as alturas da filosofia de maior alcance e mais abrangente, quanto para os processos do pensamento da pessoa ignorante, o selvagem primitivo, ou a criança.



Portanto, todo aspecto da existência humana é composto de matéria e espírito.



E ao mesmo tempo, no mundo da ação, o espiritual está subordinado ao material, de acordo com o fato que as leis da natureza determinam, a face e forma de todas as coisas, e servem como pontos focais para todos os processos.



Neste mundo, o espírito pode aparecer e desempenhar a sua função somente sobre a base sólida dos funcionamentos do que chamamos as "forças da natureza".



Em outras palavras, não importando o quanto ele possa ser abstrato ou estar divorciado da assim chamada realidade, o pensamento continua pertencendo ao mundo da ação.



No entanto, o mundo da ação é apenas um mundo num sistema geral de quatro dimensões fundamentais do ser, Ou quatro mundos diferentes, cada um com seu próprio cosmos de essências variadas.



Esses quatro mundos foram chamados, na ordem do superior ao inferior, "emanação", "criação", "formação" e "ação".



Assim, o mundo diretamente acima de nós é o mundo da formação.



Para entender a diferença, primeiro precisamos compreender alguns fatores comuns aos quatro mundos.



Esses fatores eram conhecidos tradicionalmente como "mundo", "ano" e "alma"; hoje em dia, os chamaríamos "espaço", "tempo" e "si mesmo" (experiência do próprio ser).



Cada mundo é diferenciado dos outros pela maneira como esses três fatores de manifestam nele.



Por exemplo, no nosso mundo, o lugar físico é um elemento externo necessário para a existência das coisas; é o fundo contra o qual todos os objetos se deslocam e todas as criaturas funcionam.



Nos mundos superiores, e também no mundo da ação espiritual, o que é análogo ao espaço no mundo da ação física é chamado de "mansão".



É a estrutura dentro da qual diversas formas e seres convergem e se relacionam. Talvez possamos compará-lo com esses sistemas completos — conhecidos na matemática como "grupos" ou "campos" — em cada um dos quais todas as partes unitárias estão relacionadas de uma maneira definida com as outras partes, e com o todo.



Esses sistemas podem estar habitados ou totalmente cheios, ou podem estar relativamente espalhados ou vazios.



Seja qual for o caso, tal sistema de existências relacionadas constitui um "lugar" no abstrato — uma "mansão" nos mundos superiores.



O tempo também tem um valor diferente nos outros mundos.



No campo de ação da nossa experiência, o tempo é medido pelo movimento de objetos físicos no espaço. O "ano", como ele é chamado abstratamente, constitui o exato processo da mudança; é a passagem de uma coisa para outra, de forma para forma, e também inclui dentro de si o conceito da causalidade, como o que mantém toda a transição de forma para forma, dentro dos limites da lei.



De fato, ao ascender na ordem dos mundos, este sistema de tempo torna-se cada vez mais abstrato e cada vez menos representativo de algo que conhecemos como tempo, no mundo físico; torna-se não mais do que a essência mais pura da mudança, ou até mesmo a possibilidade da mudança potencial.



Por último, o que chamamos de "alma" é, na dimensão física, a totalidade das criaturas vivas funcionando nas dimensões do tempo e do espaço deste mundo. Apesar de serem uma parte essencial deste mundo, elas são diferenciadas do fundo geral pela sua autoconsciência e conhecimento deste mundo.



De modo similar, no mundo superior, as almas são essências conscientes de si mesmas, agindo dentro da estrutura da mansão e do ano do seu mundo.



Pode-se dizer que o mundo da formação seja, em essência, um mundo de sentimento.



É um mundo cuja substância principal, ou tipo de experiência, é a emoção um tipo ou de outro, e no qual tais emoções são os elementos que determinam seus padrões.



Os seres vivos nesse mundo são manifestações conscientes de impulsos particulares — impulsos para realizar um ou outro ato ou reagir de uma ou de outra maneira — ou o poder de levar à prática um incentivo, realizar, cumprir a tendência de uma inclinação ou de uma inspiração.



As criaturas vivas do mundo da formação, os seres que funcionam nele como nós funcionamos no mundo da ação, são chamadas, de modo geral, "anjos".



Um anjo é uma realidade espiritual com seu próprio conteúdo, suas qualidades e seu caráter singular.



O que diferencia um anjo de outro não é a qualidade física da separação espacial, mas a diferença de nível — um estando acima ou abaixo de outro — em relação à causalidade fundamental em termos de alguma diferença na essência.



Ora, como já dissemos, os anjos são seres no mundo que é a esfera de ação da emoção e do sentimento; e como este é o caso, a qualidade substancial de um anjo pode ser um impulso ou uma inclinação — digamos, uma inclinação na direção do amor ou um ataque de medo, ou pena, ou algo similar.



Para expressar uma totalidade maior do ser, algo mais abrangente, podemos referir-nos a "um campo de anjos".



No campo geral do amor, por exemplo, há muitas subdivisões, matizes e graduações virtualmente inumeráveis de sentimentos de ternura.



Não há dois amores iguais em emoção, assim como não há duas idéias iguais. Portanto, toda inclinação ou impulso geral e inclusivo é um campo inteiro, talvez até uma mansão, e não é consistentemente o mesmo em todos os níveis, enquanto que nos seres humanos as emoções mudam e variam segundo as pessoas ou de acordo com as circunstâncias de tempo e lugar, um anjo é totalmente a manifestação de uma essência emocional única.



Portanto, a essência de um anjo é definida pelos limites de uma determinada emoção, em termos de si mesma, como a personalidade e a introversão definem a personalidade de cada pessoa em nosso mundo. No entanto, um anjo não é apenas um fragmento da existência, não fazendo nada mais que manifestar uma emoção; é um ser completo e integro, consciente de si mesmo e do que o rodeia, e capaz de agir e criar e fazer coisas dentro da estrutura do mundo da formação.



A natureza do anjo é ser, até um certo grau, como significa o seu nome em hebraico, um mensageiro, constituir um contato permanente entre o nosso mundo da ação e os mundos superiores.



O anjo é aquele que efetua transferências da abundância vital entre os mundos.



As missões de um anjo vão em duas direções: pode servir de emissário de D-us na direção descendente, para outros anjos e para mundos e criaturas abaixo do mundo da formação; e também pode servir como aquele que leva as coisas de baixo para cima, do nosso mundo para os mundos superiores.



A real diferença entre o ser humano e o anjo não é o fato do homem ter um corpo, porque a comparação essencial é entre a alma humana e o anjo.



A alma do homem é muito complexa, e inclui todo um mundo de diversos elementos existenciais de todos os tipos, enquanto que o anjo é um ser de essência singular, e portanto, num certo sentido, unidimensional.



Outrossim, o homem — devido aos muitos aspectos que encerra, sua capacidade de conter contradições, e seu dom de um poder interior da alma, essa faísca divina que o torna homem — tem a capacidade de distinguir entre uma coisa e outra, especialmente entre o bem e o mal.



É esta capacidade que lhe possibilita subir até grandes alturas, e que também cria a possibilidade do seu fracasso e retrocesso, sendo que nenhuma dessas duas coisas é válida para o anjo.



Do ponto de vista da sua essência, o anjo é eternamente o mesmo; é estático, uma existência imutável, seja ela temporária ou eterna, fixada dentro dos limites rígidos da qualidade dada no exato momento da sua criação.



Entre os muitos milhares de anjos a serem achados nos diversos mundos, estão aqueles que existem desde o começo dos tempos, pois são uma parte inalterada do Ser Etemo e da ordem fixa do universo.



Num certo sentido, anjos constituem os canais da abundância através dos quais a divina graça sobe e desce nos mundos.



Mas também há anjos que estão sendo constantemente recriados, em todos os mundos, e especialmente no mundo da ação onde os pensamentos, os atos e as experiências dão origem a anjos de tipos diferentes.



Toda mitzvah que um homem faz não é apenas um ato de transformação no mundo material; também é um ato espiritual, sagrado em si mesmo. E este aspecto da espiritualidade concentrada e santidade na mitzvah é o componente principal daquilo que se torna um anjo. Em outras palavras, a emoção, a intenção, a santidade essencial do ato combinam-se para tornarem-se a essência da mitzvah, como uma existência em si mesma, como algo que tem realidade objetiva. E esta existência separada da mitzvah, por ser singular e sagrada, cria o anjo, uma nova realidade espiritual que pertence ao mundo da formação. Assim que o ato de fazer uma mitzvah se estende além do seu efeito no mundo material e, pelo poder da santidade espiritual que encerra — santidade em comunhão direta com todos os mundos superiores — causa uma transformação primária e significativa.



Mais precisamente, a pessoa que executa uma mitzvah, que reza ou dirige a sua mente para o Divino, ao fazê-lo cria um anjo, que é uma espécie de tentativa do homem de atingir os mundos superiores.



Esse anjo, no entanto, relacionado em sua essência como o homem que o criou, ainda vive, totalmente, numa dimensão diferente do ser, isto é, no mundo da formação. E é neste mundo da formação que a mitzvah adquire substância.



Este é o processo pelo qual a mensagem específica ou oferenda a D-us, que está intrínseca na mitzvah, adquire substância, sobe e introduz mudanças no sistema dos mundos superiores — especialmente no mundo da formação.



Daqui, por sua vez, elas influenciam os mundos que estão acima.



Portanto, vemos que um ato supremo é efetuado quando o que é feito embaixo se remove de um lugar, tempo e pessoa física, e se torna um anjo.



Pelo contrário, às vezes um anjo é enviado para baixo, de um mundo superior, para um mundo inferior. Porque o que chamamos de missão de anjo pode manifestar-se de várias formas diferentes.



O anjo não pode revelar sua verdadeira natureza ao homem, cujo ser, sentidos, e instrumentos de percepção pertencem somente ao mundo da ação: no mundo da ação, não existem maneiras de captar o anjo.



Ele continua pertencendo a uma dimensão diferente, apesar de ser apreendido de uma ou de outra maneira.



Isto pode ser comparado àquelas frequências de um campo eletromagnético que estão além da gama limitada comumente percebida pelos nossos sentidos. Sabemos que a visão humana assimila somente um pequeno fragmento do espectro; no que diz respeito aos nossos sentidos, o resto dele não existe.



O que é habitualmente invisível é "visto" somente através de instrumentos adequados de transmutação, ou interpretação quando, na linguagem da cabalá, estão vestidos com as roupas ou com os recipientes que possibilitam que nós os apreendamos — como, por exemplo, ondas de rádio ou televisão têm de ser transmitidas através de meios adequados, para serem reveladas aos nossos sentidos.



Do mesmo modo, existem aspectos da realidade do mundo espiritual dos quais estamos somente vagamente conscientes.



Até os animais podem às vezes ser sensíveis, até um grau limitado, à presença dessa essência espiritual.



O burro de Balaam, por exemplo, que "viu" um anjo, logicamente não o viu realmente: provavelmente, o animal teve uma vaga sensação de ser confrontado ou ameaçado por algo.







Os anjos revelaram-se aos seres humanos de uma das duas maneiras seguintes: uma é através da visão do profeta, o vidente, ou o homem santo — ou seja, uma experiência de uma pessoa no nível mais alto; a outra é através de um ato isolado de apreensão por uma pessoa comum repentinamente privilegiada para receber uma revelação de coisas dos níveis superiores.



E mesmo assim, quando essa pessoa ou profeta experimenta de alguma maneira a realidade de um anjo, sua percepção, limitada pelos seus sentidos, permanece ligada a estruturas materiais, e sua linguagem, inevitavelmente, mostra uma tendência para expressões de formas físicas reais ou imaginadas.



Então, quando o profeta tenta descrever ou explicar aos outros sua experiência de ter visto um anjo, a descrição beira o misterioso e o fantástico.



Termos como "criatura alada do céu", ou "olhos da carruagem suprema" podem ser somente uma representação pálida e inadequada da experiência, porque esta experiência pertence a outro campo de ação, com outro sistema de formação de imagens.



Necessariamente, a descrição terá de ser antropomórfica.



Ou quando, como sabemos, o anjo a quem o profeta descreve como tendo a cara de um boi não tem nenhuma cara em absoluto — e certamente não a de um boi — sua essência interior, procurando esclarecimento e reflexão dentro da realidade material, poderá expressar-se de um modo que mostra certa similaridade entre a cara de um anjo e a cara de um boi, como a expressão de uma qualidade espiritual conhecida.



Portanto, todas as visões articuladas da profecia não são nada mais que modos de representar uma realidade espiritual abstrata e informe, no vocabulário da linguagem humana; apesar de que, com toda certeza, também possa haver uma revelação de um anjo de maneira bastante comum, vestido com algum aspecto familiar e manifestada como um fenômeno "normal" da natureza.



A dificuldade é que aquele que vê um anjo desta maneira nem sempre sabe que é uma aparição, que a coluna de fogo ou a imagem de um homem não pertence totalmente ao campo de ação da causa e efeito natural.



Ao mesmo tempo, o anjo — ou seja, a força enviada de um mundo superior — faz a sua aparição e até certa medida age no mundo material, seja estando totalmente sujeito às leis do nosso mundo, ou funcionando numa espécie de vazio entre os mundos nos quais a natureza física não é mais que um tipo de vestimenta para alguma substância superior.



Na Bíblia, Manoá, o pai de Sansão, vê o anjo na imagem de um profeta; porém, ele sente de alguma maneira inexplicável que não é um homem que ele está vendo, que está testemunhando um fenômeno de ordem diferente.



Somente quando o anjo muda de forma completamente e se torna uma coluna de fogo, Manoá reconhece que este ser, esta maravilha que viu e com a qual conversou, não era um homem, não era um profeta, mas um ser de outra dimensão da realidade, quer dizer, um anjo.









ROSA DE TREZE PÉTALAS – PARTE 2





Mundos – Parte Final



A criação de um anjo no nosso mundo, e a imediata relegação deste anjo para outro mundo não é, em si mesma, um fenômeno sobrenatural, em absoluto; é uma parte de uma esfera de ação da experiência, uma parte integrante da vida, que pode até parecer ordinária e lugar-comum, devido à sua origem tradicional no sistema das mitzvot, ou a ordem da santidade.

Quando estamos no ato de criar o anjo, não temos percepção do anjo que está sendo criado, e este ato parece ser uma parte da estrutura total do mundo prático material onde vivemos.

De modo similar, o anjo que nos é enviado de outro mundo nem sempre tem um valor ou impacto além das leis normais da natureza física.

De fato, costuma acontecer que o anjo se revele exatamente na natureza, no mundo ordinário de lugar-comum da causalidade, e somente uma introspecção ou adivinhação profética pode mostrar quando, e em que medida, ele é obra de forças superiores. Pois o homem, exatamente pela sua natureza, está ligado ao sistema dos mundos superiores, apesar de — habitualmente — este sistema não lhe ser revelado e conhecido.

Em consequência, o sistema dos mundos superiores lhe parece ser natural, como o total de sua existência de dois lados, incluindo a matéria e o espírito, lhe parece evidente.

O homem não se pergunta nada sobre essas passagens que faz o tempo todo no mundo da ação, da esfera de ação da existência material, para a da existência espiritual. Mais ainda, o resto dos outros mundos que também penetram nosso mundo pode parecer-nos como parte de algo bastante natural.

Pode-se dizer que as realidades do anjo e do mundo da formação são parte um sistema de ser "natural" que é tão regido pela lei, como aquele aspecto da existência que somos capazes de observar diretamente.

Portanto, nem a existência do anjo, nem a sua "missão", levando-o de mundo em mundo, precisam irromper na realidade da natureza, no sentido mais amplo da palavra.

O campo de ação dos anjos, o mundo da formação, é um sistema geral de essências não físicas, a maioria delas, bastante simples e consistentes em seu ser. Cada anjo tem um caráter bem definido, que se manifesta pela maneira como funciona em nosso mundo.

Por isso, dizemos que um anjo pode efetuar somente uma missão, por que a essência de um anjo está além dos aspectos múltiplos do homem.

A essência particular de um anjo pode ser determinada em termos de coisas diferentes e formas separadas, mas ela permanece uma coisa singular em si mesma, como uma simples força da natureza.

Porque apesar do anjo ser um ser que possui uma consciência divina, sua essência e função específicas não são alteradas por ela, assim como as forças físicas no mundo são específicas e únicas em seu modo de funcionamento, e não estão constantemente mudando as suas essências.

Por conseguinte, assim como há anjos sagrados, fabricados e criados pelo sistema sagrado, também há anjos destrutivos, chamados "diabos" ou "demônios", que são as emanações da relação do homem com esses aspectos da realidade que são o oposto da santidade.

Aqui, também, as ações do homem e seus modos de existência, em todas as suas formas, criam anjos, mas anjos de outro tipo, de outro nível e de uma realidade diferente.

Esses são anjos hostis que podem formar parte de um mundo inferior, ou até mesmo de um mundo superior, mais espiritual — este último, porque apesar de não pertencerem ao reino da santidade, como em todos os mundos e sistemas do ser, há uma interpenetração e influência mútua entre o sagrado e o não sagrado.

Imediatamente acima do mundo da formação está o mundo denominado o "mundo da criação" que, como os outros, inclui muitos campos de ação, níveis e mansões diferentes. E exatamente como o mundo da formação está composto de uma multidão de seres espirituais cuja essência é puro sentimento e emoção, o mundo da criação é um mundo de mente pura.

Esta qualidade mental do mundo da criação não é uma essência meramente intelectual, mas se expressa como o poder e a capacidade de captar coisas com uma compreensão autêntica, interior; é, em outras palavras, a mente como criador, assim como aquela que registra e absorve o conhecimento.

Um dos outros nomes para o mundo da criação é "mundo do trono", extraído da visão de Ezequiel do divino "trono da glória".

Não obstante, no todo, esse aspecto do Divino que é revelado aos profetas é o mundo que está diretamente acima do mundo da criação, conhecido como o "mundo da emanação".

Esta é a fonte da qual D-us se faz conhecer por alguns poucos, enquanto que o mundo da criação é Seu assento ou Seu trono, do qual, como está escrito, "a terra é o Seu escabelo". Outrossim, o Trono ou Carruagem Divina é o meio através to qual a divina abundância desce às criaturas e coisas do nosso mundo, e faz contato com os muitos sistemas complexos de todos os mundos.

De modo que o mundo da criação também é o cruzamento da existência.

É o ponto focal no qual a abundância que sobe dos mundos inferiores e a abundância que desce dos mundos superiores se encontram e entram numa espécie de relacionamento mutuo. Portanto, uma compreensão do "caminho da carruagem" — ou seja, uma compreensão da maneira como funciona o Divino Trono da Glória — é o maior credo da doutrina esotérica.

E, além deste segredo, um ser humano — até um homem de visão ou um que tenha uma revelação —, pode receber apenas impressões incertas, dessas essências, pois elas estão estruturalmente além da compreensão humana.

Porque o mundo da criação é um mundo que o homem foi capaz de atingir somente no ponto mais alto do seu desenvolvimento, demonstrando dessa forma que parte de sua alma pertence ao campo de ação especial.

Assim é para que alguém entenda o segredo da Carruagem, ele tem de estar parado no exato ponto focal da intersecção de mundos diferentes.

Nesta intersecção, ele recebe conhecimento de toda a existência e transformação, passada, presente e futura, e está consciente do Divino como causa primordial e acionadora de todas as forças que agem, vindo de todas as direções.

Obviamente, é impossível para o homem tal como ele é conseguir essa compreensão completamente; não obstante, até mesmo um discernimento parcial da carruagem lhe proporciona um sentido do que está acontecendo em todos os mundos.

No mundo da criação, também, há mansões — ou seja, lugares no sentido metafísico, esferas do ser dentro das quais há um certo ritmo medido do tempo, de uma forma ou de outra, com relação entre passado, presente e futuro, entre causa e efeito, e onde há almas e criaturas que pertencem especificamente a este mundo. Essas criaturas do mundo da criação, as almas que vivem nele, são os anjos superiores, chamados "serafins".

Como os anjos do mundo da formação, os serafins são essências abstratas singulares, não passíveis de mudança.

Mas, enquanto os anjos do mundo da formação são incorporações de emoção pura, aqueles do mundo da criação são essências de inteligência pura.

Os serafins são anjos que manifestam os níveis superiores da mente.

Também refletem as diferenças entre os diversos planos da consciência e compreensão, um aspecto particular da mente. Por último, cada uma dessas criaturas do mundo da criação também serve de anjo-mensageiro, recebendo a abundância dos seres angélicos e das almas do mundo da formação, e elevando-as até um nível mais alto, no mundo da criação e além, até alturas infinitas.

A ascendência do mundo da criação sobre o mundo da formação não é apenas uma questão da superioridade da mente e da consciência sobre as emoções; também radica no fato do mundo da criação em si ser um mundo "superior": no sentido que os diversos mundos caracterizam-se como mais altos ou mais baixos em relação ao grau de sua transparência à luz divina, que é sua própria luz e substância.

Ao descer no sistema dos mundos, a materialidade torna-se ainda maior: em outras palavras, os seres dos mundos mais baixos sentem sua existência independente com maior intensidade que os seres dos mais altos; estão mais conscientes de serem seres individuais separados.

E esta consciência de sua individualidade bloqueia a abundância divina e ao mesmo tempo obscurece a verdadeira essência imutável que está latente sob a personalidade individual.

Resumindo, quanto mais baixo o mundo, mais ele está permeado pelo sentido do "Eu", e consequentemente, mais ele está sujeito ao obscurecimento da essência divina.

Não obstante, pode-se dizer que todos os mundos — e de fato, quaisquer campos de ação do ser separados — existem somente em virtude do fato de que

D-us se esconde.

Porque quando a divina abundância é manifestada em sua plenitude total, não há espaço para a existência de nada mais.

Um mundo pode existir somente como resultado do ocultamento do seu Criador.

À medida que se desce dos mundos superiores para os inferiores, a cada novo nível de descida, a separação, a independência do mundo dele torna-se mais acentuada e enfática, enquanto que a abundância divina se torna mais oculta.

Logo, as criaturas do mundo da ação podem atingir (como de fato os homens o fazem) uma condição na qual estão não somente inconscientes da divina abundância que dá a vida, mas onde também podem chegar a repudiar sua existência totalmente.

Por outro lado, à medida que se ascende a escada do ser, os mundos tornam-se cada vez mais claros e transparentes à divina abundância.

Se no nosso mundo precisamos de uma introspecção profética ou abertura da fé para distinguir a divina abundância em toda a sua variedade de formas e em todos os seus níveis, nos mundos superiores tudo é mais lúcido e oferece menos resistência à abundância divina. De modo que estando acima dos outros dois mundos — da ação e da formação — o mundo da criação também é mais translucidamente transparente, suas criaturas têm um conhecimento mais pleno da maneira pela qual seu mundo está sendo criado constantemente como uma ou outra manifestação da abundância divina.

Ao mesmo tempo, como o mundo da criação ainda é um mundo separado, suas criaturas e almas têm suas próprias naturezas individuais. De fato, podem perceber a luz divina, e podem aceitar totalmente seu domínio em tudo.

Não obstante, ao sentirem-se separadas da sua luz, reconhecem sua existência independente. O que equivale a dizer que até o serafim anseia poderosamente aproximar-se do Divino, pois apesar de encontrar-se tão por cima do que qualquer pessoa possa captar, e apesar de ser a incorporação da compreensão e da inteligência superior, está consciente de ser uma realidade ainda desconectada do Divino. De fato, somente além do mundo da criação, no mundo da emanação, o mais alto dos mundos — que num certo sentido já não é um mundo real —, pode-se falar de uma clareza e transparência tão grandes, que nenhum ocultamento de nenhuma essência em absoluto é possível, e que consequentemente, as essências não exibem nenhuma individualidade separada.

Somente no mundo da emanação, não há ocultamento da divindade revelada por nenhuma cerca ou tela que separe as coisas.

É por isso que se pode dizer que o mundo da emanação não é mais um mundo, é D-us Ele Mesmo.

O mundo da criação, com todas as suas excelências e pureza, ainda é uma existência independente com sua própria personalidade, seu "Eu" diferenciado do ser divino.

A diferença entre o mundo da emanação e o mundo da criação, portanto, é maior que entre quaisquer outros dois níveis. É a fímbria da totalidade do sistema das existências independentes, cada uma dividida da outra por "telas", e além dela está a fonte de todo o ser, onde já não há mais dessas telas.

Uma representação arquetípica de uma "tela" é a cortina que divide o humanamente sagrado do Sagrado dos Sagrados no Templo Sagrado.

Porque o Templo Sagrado é, num certo sentido, um modelo simbólico de todo os sistemas dos mundos.

Então, uma tela é algo que age como barreira ao livre fluxo da abundância divina em toda a sua pureza; é aquilo que produz um certo obscurecimento e modificação de sua luz.

Porque sempre que a luz divina passa através de níveis de planos que são transparentes, pode haver uma alteração de cor, ou de forma, ou da qualidade da revelação, mas a luz em si continua sendo essencialmente luz.

Porém, o que acontece quando a luz bate numa tela?

Apesar da luz poder ser visualizada no lado escuro da tela como resultado de uma "iluminação" do outro lado, a luz em si não penetra.

Esta idéia de uma tela é somente uma imagem para explicar a essência das diferenças entre todas as coisas.

No mundo da emanação, na Divindade, não há tais barreiras e a unidade é completa.

Para que um mundo exista separado de D-us, precisa haver uma contração da essência superior. Esta contração de sabedoria infinita, ou remoção de abundância divina, é portanto a base para a criação do universo; e a tela — que representa o ocultamento do Divino — é a base para fazer com que os mundos se manifestem como mundos separados.

Estas são as imagens centrais da Gênese: no começo havia ocultamento e remoção — "escuridão na face da profundeza".

E dessa escuridão, resultado da existência da tela, o molde de um mundo, que será o mundo em si, pode ser gravado.



No que diz respeito ao nosso mundo — o mundo da ação — além de um mundo físico, ele também contém um mundo espiritual — de fato, um número bastante grande de mundos espirituais.

Esses mundos e suas diversas mansões variam muito — de fato, tanto, que é extremamente difícil ver alguma unidade em seu valor espiritual.

Por um lado as esferas de ação do espírito que nascem da sabedoria e da criatividade — como a filosofia, a matemática, a arte, a poesia e similares, que são moralmente ou qualitativamente neutras em suas idéias de verdade ou beleza — são fáceis de reconhecer.

Por outro lado, há campos de ação do espírito que têm um certo valor gnóstico, com um sistema de valores diferentes, e que se prestam, pois, a uma espiritualidade positiva ou negativa.

Porque assim como há espaço para funcionamento físico e espiritual de todo tipo que elevam o mundo e o homem a níveis mais altos de santidade no mundo da ação, também há aquele que estabelece contato entre o mundo dos seres humanos e os mundos inferiores ao nosso.

Esses mundos são chamados os "campos de ação do mal", os mundos da Klipah, a carcaça externa.

Os campos de ação da Klipah constituem mansões, e nelas, também, existem sistemas hierárquicos, um acima do outro (na realidade um abaixo do outro), sendo que o mal se torna mais enfático e mais óbvio a cada nível diferente.

E podemos supor que haja uma forte inter-relação com o mundo da ação. Porque apesar que em si mesmo o mundo da ação é neutro, em termos de sua implicância gnóstica, ele pertence aos mundos do mal, a um dos níveis da carcaça externa denominada Klipat Noga.

Este é um nível do ser que contém tudo que em sua essência não é dirigido para ou contra a santidade.

Então, em termos de santidade, mantém uma posição neutra.

Porém, quando o homem afunda completamente em sua posição neutra, sem desembaraçar-se em absoluto dela, ele deixa de perceber seu destino humano específico e fica destituído, no próprio núcleo do seu ser.





Abaixo da esfera de ação da Klipat Noga estão os mundos totalmente maus.

Cada um deles tem o seu próprio aspecto do mal e, como no caso dos mundos da santidade, está conectado dinamicamente com os outros, pelas ligações da transformação entre mundos e planos, num processo que continua descendo até a profundidade mais baixa do mal.

Como em todos os mundos, nas esferas de ação do mal, a manifestação assume três formas: mundo, ano e alma.

Em outras palavras, há um fundo geral da existência, agindo como lugar no sentido espiritual (mundo); há um aspecto conectado com a relação ao tempo de causalidade (ano); e do mesmo modo, eles têm um aspecto alma — ou seja, criaturas espirituais que habitam os mundos do mal.

Esses seres que habitam os mundos do mal também são chamados de "anjos", mas são anjos mais propriamente subversivos, anjos da destruição. E como os anjos dos mundos superiores, também são seres espirituais e cada um deles está limitado a uma essência bem definida e ao seu próprio fim.

Do mesmo modo que na esfera de ação da santidade há a qualidade (ou anjo) do amor-em-santidade, do temor-em-santidade, e assim por diante, também há emanações e impulsos contrastantes no campo de ação do mal, anjos da destruição que expressam amor-na-maldade, medo-na-corrupção, e assim por diante.

Alguns desses anjos perniciosos são seres autossuficientes com caracteres claramente definidos e específicos, cuja existência é, num certo sentido, eterna pelo menos até o tempo quando o mal desapareça da face da terra. Outrossim, há os anjos subversivos criados pelas ações dos homens, pela objetificação da malevolência: o pensamento ruim, o desejo inspirado pelo ódio, a má ação.

Por que além de suas conseqüências visivelmente destrutivas, todo ato de malícia ou de maldade cria um ser abstrato gnóstico, que é um anjo mau, um anjo que pertence ao plano do mal correspondente ao estado mental que o fez existir.

No entanto, em sua essência interna, as criaturas das esferas de ação do mal não são entidades independentes que vivem das suas próprias forças; sua existência depende do nosso mundo.

Isto quer dizer que recebem seu poder vital do nosso mundo, suas fontes que podem somente copiar de várias maneiras, em planos progressivamente mais baixos.

Assim como é verdade, para os mundos superiores, que é o homem e somente o homem quem é capaz de escolher e fazer o bem, assim também, somente o homem pode fazer o mal.

Seja o que for que o homem fizer, por sua vez cria e favorece uma abundância de vida; seu ser espiritual inteiro está envolvido em cada ato, e o anjo assim formado o acompanha como sua obra, como parte da existência que o rodeia.

Como os anjos da santidade, os anjos da destruição são, até um certo grau, canais para transferir a abundância que, quando é transmutada do nosso mundo, desce as escadas da corrupção, nível após nível, até as profundezas mais baixas dos mundos da abominação.

Por conseguinte, esses mundos do mal agem em conjunto com, e diretamente sobre, o homem, seja em formas naturais e concretas, ou em formas abstratas espirituais.

Portanto, os anjos subversivos também são tentadores e incitadores ao mal, porque trazem o conhecimento do mal do seu mundo, para o nosso.

E ao mesmo tempo, quanto maior for o mal que um homem fizer, maior será a força de vida que esses anjos retirarão dele para o seu mundo.

Por outro lado, esses mesmos anjos subversivos também servem como instrumento de punição do pecador.

Porque o pecador é punido pelas consequências inevitáveis dos seus atos, assim como o tzaddik ou santo recebe sua recompensa nas consequências dos seus atos benévolos.

Em resumo, o pecador é punido pelo fechamento do círculo, sendo colocado em contato com o campo de ação do mal que cria.

Os anjos subversivos são revelados numa variedade de formas, de maneiras tanto materiais quanto espirituais, e em sua revelação, eles punem o homem pelos seus pecados neste nosso mundo, fazendo sofrer tormento e dor, derrota e angústia, física e espiritualmente.

Os anjos subversivos agem num sentido como manifestações e mensageiros do mal, e em outro sentido, constituem uma parte necessária da totalidade da existência.

Porque apesar que, como nos mundos do mal em geral, os anjos subversivos não são seres ideais, mesmo assim eles têm uma função no mundo, que lhe permite funcionar como funciona.

Com certeza, se o mundo eliminasse todo o mal, completamente, então a consequência seria o desaparecimento dos anjos subversivos, porque eles existem como parasitas permanentes que vivem do homem.

Mas enquanto o homem escolher o mal, ele sustentará e alimentará mundos e mansões inteiros de mal, todos eles apoiados na mesma doença da alma humana. De fato, esses mundos e mansões do mal fomentam essas doenças e fazem parte da dor e dos sofrimentos que causam.

Neste sentido, a própria origem dos demônios está condicionada pelos fatores que influenciam - como uma força policial cuja existência é útil e necessária somente devido à existência do crime.

A implicação espiritual dos anjos subversivos constitui, além de sua função negativa, uma estrutura destinada a impedir que o mundo deslize para o mal.

No entanto, o fato que persiste é que esses anjos crescem em resistência e poder, constantemente reforçados pelo aumento do mal no mundo.

Portanto, sua existência é bilateral e ambígua: por um lado, a razão principal de sua criação é servir como impedimento e como limite (e neste sentido são partes necessárias do sistema global dos mundos); por outro lado, à medida que o mal floresce e se espalha pelo mundo devido às ações do homem, esses anjos destrutivos tornam-se existências cada vez mais independentes, formando um campo de ação inteiro que se alimenta do mal e engorda dele.

Então a própria razão de ser deste campo de ação é esquecida, e parece que se tornou mal como um fim em si mesmo.

Nesse ponto do paradoxo, a vastidão e a meta magnífica da finalidade e do significado do ser humano tornam-se evidentes.

Vemos que o homem pode liberar-se da tentação acumulada do mal, ato pelo qual ele obriga os mundos do mal a encolherem até o seu molde original; mais ainda, ele é capaz de mudar esses mundos completamente, para que possam ser incluídos no sistema dos mundos do sagrado, o que acontece quando essa parte deles que tinha se tornado corrupta desaparece completamente, e essa parte deles que tinha servido de apoio e impedimento assume um caráter totalmente diferente.

Não obstante, enquanto o mundo permanecer como está, os anjos subversivos continuarão a existir dentro da própria substância do mundo da ação, e até em domínios superiores, achando um lugar para si onde houver alguma inclinação para o mal.

Mas isso acontece porque eles mesmos instigam e evocam a produção do mal.

Assim, eles recebem sua vida e poder como resultado de algo que provocaram; e depois, finalmente, pela sua própria existência, constituem um castigo para as coisas que ajudaram a produzir.

Os mundos e as mansões do mal pertencem, neste sentido, à estrutura geral do mundo da ação, e um dos seus aspectos mais extremos é a mansão chamada "Inferno", em todas as suas formas.

Porque quando a alma do homem deixa o corpo e pode relacionar-se diretamente com as essências espirituais, assim tornando-se totalmente espiritual, com nada mais que lembranças fragmentadas de ter estado conectada com o corpo, então, no decorrer das coisas, tudo o que esta alma tinha feito na vida funde-se em sua forma correta ao nível adequado para ela, na vida após a morte.

E, assim a alma do pecador desce, como se expressa simbolicamente, ao Inferno. Em outras palavras, agora a alma esta completamente dentro do campo de ação do mundo desses anjos subversivos que criou, como pecadora e não há refúgio deles, porque essas criaturas rodeiam a alma completamente e ficam constantemente castigando-a com castigo pleno e exigente por havê-las produzido, por haver causado a existência desses mesmos anjos.

E enquanto a justa medida da angústia não tiver sido esgotada, esta alma permanece no Inferno.

O que equivale a dizer, que a alma não é castigada por algo alheio, mas por essa manifestação do mal em si mesma, criada de acordo com seu nível e de acordo com sua essência.

Somente após ter passado através da doença, do sofrimento e dor da existência espiritual do mal produzida por ela mesma, somente então a alma pode atingir o nível mais alto do ser, de acordo com seu estado correto e de acordo com a essência do bem que criou.

Uma vez que este campo de ação dos mundos do mal também é fundamentalmente introvertido e espiritual, ele é revelado somente mediante uma visão de algum tipo. E, portanto, as muitas descrições antropomórficas dos anjos subversivos não são diferentes da descrição dos anjos sagrados, em sua crueza e suas aproximações desajeitadas.

Porque ela não foi dada para transmitir algo que não se preste à descrição material, e as imagens usadas são invariavelmente inadequadas.

Continua...

O BAMBU E A SAMAMBAIA



Se você está tentando alcançar grandes objetivos em sua vida e de trabalho, as chances são de que, de tempos em tempos, você sinta que caiu e atingiu o fundo do poço.

Nada funciona, nada dá certo, nada consegue. Em momentos como este você pode sentir vontade de jogar a toalha. Mas antes que você faça isso, leia a seguinte história.

Um dia, um pequeno empresário decidiu que ele tinha o suficiente. Suficiente da carga de trabalho incessante, o suficiente da falta de resposta, o suficiente da solidão esmagadora.

Ele entrou na mata para ter uma última conversa com o Criador. "Criador", disse ele. "Você pode me dar uma boa razão para eu não entregar os pontos e desistir?"

A resposta o pegou de surpresa. "Olhe ao seu redor", disse. "Você vê a samambaia e o bambu?"

"Sim", respondeu o homem.

"Quando eu plantei a samambaia e o bambu, eu cuidava muito bem deles. Não lhes deixei faltar água e nutrientes. Dei-lhes a luz do sol na primavera e os protegia das tempestades no Outono. A samambaia cresceu rapidamente da terra. Sua folhagem brilhante logo cobriu o chão da floresta. No entanto, nada veio da semente de bambu. Mas eu não desisti do bambu. No segundo ano, a samambaia cresceu ainda mais esplêndida do que antes, mas nada veio da semente de bambu. Mas eu não desisti do bambu. No terceiro ano, nada ainda da semente de bambu dar algo. Mas eu não iria desistir dela. No quarto ano, mais uma vez, não havia nada a partir da semente de bambu. Ainda assim eu não desisti.”

"Então, no quinto ano um pequeno broto emergiu da terra. Em comparação com a samambaia era aparentemente pequena e insignificante. Mas dia após dia o broto cresceu. Primeiro um fiozinho, depois foi tomando corpo e dentro de seis meses, a cana de bambu tinha subido a uma altura de 50 metros. Ele tinha passado os cinco anos criando e fortalecendo as raízes. Essas raízes o tornaram forte e deu-lhe o que precisava para sobreviver.”

“Eu não daria a nenhuma das minhas criações um desafio que não pudesse suportar".

"Você sabia, meu filho, que todo esse tempo você tem se esforçado, tem crescido? O crescimento das raízes que você precisava para produzir os seus frutos. Eu não desisti do bambu. Eu não vou desistir de você".

"Não se compare com os outros. Todas as minhas criações têm finalidades diferentes, viagens diferentes e calendários diferentes. O bambu tinha um propósito diferente do da samambaia. No entanto, ambos fazem uma bela floresta. Seu tempo virá. Você vai subir alto".

"Quão alto que eu deveria aumentar?" Perguntou o homem.

"Quão alto será o aumento do bambu?" Perguntou o Criador em troca.

"Tão alto quanto ele pode?" O homem questionou.

"Sim", respondeu o Criador. "Dá-me a glória pelo aumento tão alto quanto você puder."

O pequeno empresário deixou a floresta. E nunca mais voltou.

Se nada parece que está acontecendo em sua vida, apesar de todo o trabalho que está colocando nele, lembre-se que você provavelmente está em crescimento das raízes. Finque-a com força a cada dia.

Um dia não muito longe, haverá uma colheita fantástica, tão fantástica quanto as sementes que plantares e o cultivo que fizeres.

Nunca te arrependas de um dia de tua vida.

Os bons dias te dão felicidade.

Os maus te dão experiência.

Ambos são essenciais para a vida.





A felicidade te faz doce.

Os problemas te mantêm forte.

As penas te mantêm humano.

As quedas te mantêm humilde.

O bom êxito te mantém brilhante.





Mas, só o Criador te mantém caminhando...

16 fevereiro, 2012

SER CHIQUE SEMPRE - GLÓRIA KALIL

Belo artigo e porque não dizer conselho! Me surpreendeu!




Nunca o termo "chique" foi tão usado para qualificar pessoas como nos

dias de hoje.



A verdade é que ninguém é chique por decreto. E algumas boas coisas da vida, infelizmente, não estão à venda. Elegância é uma delas.

Assim, para ser chique é preciso muito mais que um guarda-roupa ou closet recheado de grifes famosas e importadas. Muito mais que um belo carro Italiano.



O que faz uma pessoa chique, não é o que essa pessoa tem, mas a forma como ela se comporta perante a vida.



Chique mesmo é ser discreto.

Quem não procura chamar atenção com suas risadas muito altas, nem por seus imensos decotes e nem precisa contar vantagens, mesmo quando estas são verdadeiras.



Chique é atrair, mesmo sem querer, todos os olhares, porque se tem brilho próprio.



Chique mesmo é ser discreto, não fazer perguntas ou insinuaçõe inoportunas, nem procurar saber o que não é da sua conta.



É evitar se deixar levar pela mania nacional de jogar lixo na rua.



Chique mesmo é dar bom dia ao porteiro do seu prédio e às pessoas que estão no elevador.

É lembrar-se do aniversário dos amigos.



Chique mesmo é não se exceder jamais!

Nem na bebida, nem na comida, nem na maneira de se vestir.



Chique mesmo é olhar nos olhos do seu interlocutor.



É "desligar o radar", "o telefone", quando estiver sentado à mesa do restaurante, prestar verdadeira atenção a sua companhia.



Chique mesmo é honrar a sua palavra, ser grato a quem o ajuda, correto com quem você se relaciona e honesto nos seus negócios.



Chique mesmo é não fazer a menor questão de aparecer, ainda que você seja o homenageado da noite!



Chique do chique é não se iludir com "trocentas" plásticas do físico... quando se pretende corrigir o caráter: não há plástica que salve grosseria, incompetência, mentira, fraude, agressão,

intolerância, ateísmo...falsidade.



Mas, para ser chique, chique mesmo, você tem, antes de tudo, de se lembrar sempre de o quão breve é a vida e de que, ao final e ao cabo,

vamos todos terminar da mesma maneira, mortos sem levar nada material deste mundo.



Portanto, não gaste sua energia com o que não tem valor, não desperdice as pessoas interessantes com quem se encontrar e não

aceite, em hipótese alguma, fazer qualquer coisa que não lhe faça bem, que não seja correta.



Lembre-se: o diabo parece chique, mas o inferno não tem qualquer glamour!



Porque, no final das contas, chique mesmo é Crer em Deus!



Investir em conhecimento pode nos tornar sábios... mas, Amor e Fé nos tornam humanos!



GLÓRIA KALLIL