29 maio, 2013

ESPÍRITO DE JUSCELINO KUBITSCHEK (JK) SE COMUNICA

A seguir, para relembrar um dos grandes brasileiros de todos os tempos, trazemos uma comunicação do espírito de Juscelino Kubitschek de Oliveira, o JK. antes das eleições presidenciais de 1989 e, mais abaixo, uma descrição da Colônia Espiritual dos Velhos Patriotas que abriga espíritos de ilustres brasileiros de outrora.
Extraído do Livro: Driblando a dor. Espírito Luiz Sérgio
Conversando, ele nos levou até um auditório, onde uma figura brasileira muito querida ia iniciar uma palestra e, sabendo Kacá que nós gostamos muito dele, para lá nos encaminhou. Eu esperava ansiosamente por sua presença e, no momento determinado, ele apareceu. (Possivelmente JK, nota do formatador do email e não contida na obra)
- Queridos amigos. Quando o meu nome surgiu neste painel, vol­tou-me à lembrança o passado de lutas, e acreditei que Deus é que escreve a verdadeira história do homem, pois só Ele conhece o seu interior. Sou um homem que lutou por um ideal e que contou com grandes amigos. Como cidadão, brasileiro e homem público, acreditei na justiça de Deus, na intimidade de minha fé. Graças a ela hoje aqui me encontro na Colônia dos Velhos Patriotas, ainda lutando por minha Pátria.
Guardo na lembrança a força do homem, obra divina, quando precisei de seus braços para concretizar um sonho (Brasília???). Às vezes, o travesseiro era o único companheiro das minhas noites de insônia, dado o acúmulo de preocupações.
Porém, ao presenciar a luta do homem levando o progresso até o chão ressequido, sentia que Deus reservara um plano para mim e que eu precisava realizá-lo, mesmo contra a vontade de inúmeras pessoas.
As vitórias foram maiores do que os ataques, e vimos surgir no Planalto Central, Brasília, a capital do Brasil. Os radicais; porém, ainda insistiam em manter acesa uma chama que já não resplandecia, mas apenas bruxuleava. Não aceitavam o progres­so do Brasil. Ao fechar o grande portão de ferro do Palácio do Catete, vimos também fechar um trecho da história da pátria e viramos a página da História do Brasil.
Hoje, quando ainda nos defrontamos com a dureza do coração humano, fico preocupado com o País. Mesmo que ele permaneça firme, como gigante que é, os homens têm como dever não passar por ele em vão. O povo espera por dias melhores e um homem público não pode decepcionar o povo, principalmente se esse mesmo povo depositou nele as suas esperanças.
O poder muitas vezes tolhe a liberdade do político, mas ele, quando possui a nação plasmada em seu espírito, voa até os seus patrícios, não importando quem seja, apenas estendendo a mão num gesto de patriotismo. É decepcionante ver um homem que convidado foi a servir à sua pátria fracassar por incompetência.
Na Colônia dos Velhos Patriotas reencontramos vários amigos e companheiros de ideal, mas também nos defrontamos com ferrenhos adversários que hoje, longe da matéria física, ainda guardam na lembrança as injustiças do ataque, por não comungarem dos nossos ideais. Mesmo assim, unidos estão os por um só objetivo: o crescimento espiritual do nosso País.
Esperamos que cada brasileiro no dia quinze de novembro, ao marcar o “x” na cédula, o faça consciente de que não só está cumprindo com um dever cívico como, antes de tudo, coope­rando para a liberdade, a paz e a prosperidade do País.
Não venha o homem encarnado a colocar sobre os próprios ombros a cruz pesada do remorso; a escolha se fará, e esta Colônia ora para que todos os eleitores, políticos, governantes, tenham, acima de tudo, amor ao Brasil. Que os falsos políti­cos não possuam o comportamento do mata-pau, sugando a nação, tiran­do-lhe o viço da prosperidade.
Ao assumir um cargo público, deve o homem ter em mente, antes de mais nada, desarmar os espíritos, de forma a poder assegurar um clima de integral liberdade para todos, liberdade esta que deve ser capaz de constituir a súmula dos ideais humanos.
Um país não pode ser livre com uma população faminta, doente e vítima do desespero. Um país só é verdadeiramente rico e livre se o seu povo for feliz, e o Brasil, sendo o escolhido, tem de tudo para alçar vôo, só precisando, para isso, que os parasitas o deixem ‘livre.
Aproximam -se as eleições e desta Colônia espiritual partem caravanas de socorro, tendo Ismael como guia. Sabemos do entusiasmo pelo pleito, pois todos esperam ardentemente por isso, quando a vontade do povo irá ser manifestada livremente, e que os eleitos, quer da direita, do centro ou da esquerda, serão empossados.
Queira Deus que as esperanças do povo transformem-se, de fato, em realidade. Entretanto, as massas estão politizadas, mas precisando ainda ser educadas para a compreensão da realidade nacional.
Aceitam muitos, com ingenuidade, a argumentação capciosa: casa própria para todos, maior salário-mínimo, reforma agrária, restrições ao capital estrangeiro. Amassa ainda acredita nas promessas e isso nos preocupa, porque o eleitor não busca o homem, a sua bagagem política, o seu caráter, mas temos fé de que o povo sofrido sorrirá, que os hospitais não terão filas, que as marq uises não serão o lar das crianças carentes, que a fome se distanciará do nosso povo, que em cada coração brasileiro brilhará a luz da felicidade.
Para isso estamos trabalhando, e acreditamos que Deus irá nos ajudar, confiante de que a Pátria do Evangelho surgirá das terras brasileiras. Acreditamos que o povo saberá escolher. O País espera pela participação de cada brasileiro.
Daqui diviso a capital do País. Brasília é uma cidade diferente, edificada num cenário que lembra a paisagem espiritual, digna portanto da audácia dos seus arquitetos, dos candangos, enfim, dos seus construtores. Brasília é um cântico de amor; nela, tudo se transforma em alvorada e, de braços abertos, ela espera o futuro.
Estamos em setembro, louvando a data nacional e recordando de muitas outras em que o pavilhão nacional era beijado pela brisa da capital do Paí.s. Criança ainda, Brasília viveu a emoção de receber um presidente eleito pelo povo e, menina ainda, apenas engatinhando, foi palco de fatos que ficaram gravados em sua História. O mês de setembro é muito marcante em minha vida, devido ao meu nascimento (JK Diamantina-MG, em 12.09.1902), as datas como a de dezoito e trinta de setembro e muitas outras hoje estão vivas em minhas lembranças.
Brasília foi crescendo, crescendo, crescendo. Hoje já é uma mulher independente e livre e logo ir& abrigar o escolhido do povo, queira Deus seja d’Ele também. E que todos nós estejamos segurando bem forte a bandeira de Ismael para que possa operar na nossa terra levando sempre a paz.
Tenho fé nos meus patrícios como um dia tive fé em mim mesmo, quando cheguei a bordo de um DC-3, desembarquei no chão vazio – o Planalto Central- e construí no cerrado a capital do Brasil. No dia vinte e um de abril de mil novecentos e sessenta – três anos e cinco meses depois, a cidade estava inaugurada.
O novo Presidente do País não vai encontrar as dificuldades de ontem, a poeira não castiga mais as ruas todas asfaltadas, hoje Brasília é uma bela e fulgurante realidade. Queira Deus continue pura e nada venha a destruir sua beleza. Que dos seus Ministérios possam sair as decisões mais acerta­das e jamais em um deles seja praticada uma injustiça sequer.
Seja quem for o eleito, estamos vibrando pela paz do Brasil, pedindo a Deus que esse escolhido mantenha coesa a unidade nacional.
Agradeço do fundo do coração a todos os trabalhadores brasileiros de todas as categorias, às quais me sinto indissoluvelmente ligado. Estarei sempre ao lado de cada um deles, participando das suas alegrias e das suas lidas, orando pelas suas vitórias. Um abraço a todos os patriotas que aqui se encontram e que a vibração divina chegue até o plano físico. O meu eterno agradecimento ao nosso povo simples e bondoso, que sempre se recorda deste servo de Jesus com saudade e respeito. Um candango.
JK 1989
ISMAEL EOS VELHOS PATRIOTAS
Encontrando-me na Colônia dos Velhos Patriotas, sentia-me tão feliz que a tudo examinava enlevado: os canteiros floridos, as palmeiras, as cascatas de águas cristalinas; em cada edifício tremulava a bandeira da paz. Curvei-me diante delas, almejando que na terra elas também enfeitem todas as sedes de governo. Pedi ao Enoque para entrarmos em certo edifício, e logo estávamos admirando as tapeçarias de pano branco, verde e azul celeste, pendentes de cordões de linho fino e púrpura e argolas de prata, e as colunas de mármore. Esse prédio é um dos imensos ministérios de socorro espiritual à nossa Pátria. Muitos espíritos estavam ali trabalhan­do.
-Sempre há esse movimento, Enoque’?
-Aproxima-se a eleição brasileira, por isso esses irmãos estão assim atarefados. Eles mantêm na crosta da Terra equipes de abnegados espíritos de políticos que intuem e ajudam os candidatos dignos.
Era um vaivém muito disciplinado. Deixamos o interior do prédio e alcançamos o jardim, onde uma imensa estrela formada de grama trazia no centro a palavra” paz” .
-Agora, disse-nos Enoque, vamos conhecer os arredores da Colônia.
Assim o fizemos. Na Colônia dos Velhos Patriotas, os seus arredores são compostos de casas-escolas e pequenos hospitais que prestam auxílio aos políticos. Ao ver as casas abrigando espíritos velhos e doentes, sob o amparo de abnegados enfermeiros, perguntei:
-o mau político não vai para o umbral?
- No mundo espiritual não há privilégios. Antes de ser político, o homem é um espírito e, como tal, se ultrapassar as leis de Deus, terá de pagar. Assim como existem os departamentos da arte ou da música em outras colônias, existe esta Colônia dos Velhos Patriotas. Prestem atenção: a Colônia não tem o nome de grandes políticos, porque aqui é abrigado desde o vereador humilde até os grandes presidentes; todos recebem o mesmo auxílio, conforme o seu merecimento. Se lesarem o povo, sofrerão as conseqüências. Esta Colônia sempre esteve e estará aberta para abrigar todos os que se propuseram a servir à Pátria, mesmo os falidos.
Nisso, aproximou-se de nós a irmã Maria, que carinhosamente nos levou até os hospitais. Lá, defrontamo-nos com muitos irmãos bem de­mentados, ainda ostentando os gestos de um político. O humilde hospital continha somente dez leitos. O aposento maior reservaram ao auditório, onde muitos, naquele momento, recebiam aula de evangelização. Nós participamos dela e me emocionei quando a figura de um grande brasileiro cumprimentou a todos e iniciou a preleção:
-”Prezados irmãos, companheiros de caminhada evolutiva, Deus, sublime Arquiteto do Universo,condensou os fluidos mais puros e criou o corpo e a este logo soprou, dando vida à forma. Estávamos criados. Porque o Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra e soprou no seu rosto um sopro de vida e o homem tornou-se espírito, pessoa vivente (Gênesis, Capítulo 11, versículo 7). Portanto, o homem só é importante porque foi criado por Deus, que é uno, indivisível e eterno.
Cada ser, ao receber o livre-arbítrio, recebeu também a consciência e, junto com ela, o plano de Deus: evoluir. Aquele que recebe a tarefa de liderança tem por obrigação dar bons exemplos. Um homem público precisa policiar-se para não levar ao seu próximo algo pernicioso. Sofrer, morrer por um ideal é dever desse homem, se ele recebeu de Deus a tarefa de levar o progresso à sua Pátria. Quem deseja aplausos na vida pública deve antes consultar a sua consciência e ver se de verdade já está apto a renunciar em prol do crescimento do seu país. Não existem cargos políticos, existem responsa­bilidades políticas, e ai daquele que fracassa. O humilde vereador é respeitado se ele faz do seu mandato um sacerdócio longe dos bens temporais, porquanto o ideal de um homem é medidoo pela grandeza das suas ações.
Quem se abraça à bandeira do seu país tudo deve fazer para honrá-la; os vales de sofrimento estão repletos de políticos que enganaram o povo, lesaram a nação e abusaram do poder.
Aqui vimos para receber no hospital-escola um tratamento especial com Jesus, o Maior dos médicos, almejando que os queridos companheiros estejam em breve tempo junto às nossas equipes de ajuda ao momento brasileiro, quando a nossa Nação irá escolher um novo presidente; queira Deus seja aquele que irá plantar a semente do Evangelho de Jesus.
Sei que os irmãos se sentem impotentes, mas, à medida que vamos vivendo como espíritos, vamos adquirindo o conhecimento de nós mesmos. A” morte” é a parada obrigatória, que nos dá grande oportunidade de reflexão sobre o que fizemos, ou o que deixa­mos de fazer, levados pela sede de poder. Deus espera que cada filho cumpra com seu dever.
O homem público recebeu de Deus o cajado da responsabilidade, o qual terá de devolver florido de obras de amor. Aceitem o orvalho de Maria, a brisa de Jesus e o perfume de Deus e se sentirão curados, aptos para o’trabalho que os espera. Sejam benvindos.”
Os meus olhos não só marejaram-se de lágrimas como o meu coração sussurrou baixinho: “obrigado, meu Deus”.
Aquela bela figura foi-se retirando. Olhei-o com respeito e desejei que progredissem em espírito aqueles homens públicos que ali se encontravam internados na Colônia dos Velhos Patriotas. Uns ainda conservavam o ar autoritário, outros, bem humildes, choraram de emoção por ter ouvido o querido amigo.
Irmã Maria perguntou se gostaríamos de visitar outros hospitais. Sadu agradeceu, preferindo as pequenas casas. Ela se despediu sorridente. Um irmão encarregou-se de nos levar até lá, Felipe, o seu nome. Muito simpático, mas caladão, em todo o trajeto nenhuma palavra nos dirigiu. Eu estava louco para lhe fazer perguntas, mas me contive. Quando chegamos, ele se despediu, mas antes nos apresentou Ana. Ela, muito simpática e cortês, convidou-nos a entrar. Examinei a casa, muito simples:
a sala era rodeada de estantes repletas de livros. Ana falou: ‘
- Estava aqui esperando por vocês, sejam bem-vindos. Esta casa é habitada por políticos que já se encontram em trabalho na terra; alguns passam o maior tempo aqui, os que possuem família em outras colônias as visitam sempre. Nestas casas eles estudam e prestam auxílio ao País. Neste instante em que se aproxima a escolha de um novo presidente, esta Colônia vem esmerando-se no trabalho para que os irmãos se respeitem e que a bandeira brasileira tremule sobre a cabeça do escolhido.
-Vocês já sabem quem vai ganhar? -Não, mas o plano de Deus recaiu sobre alguém que beijou a poeira do País, abraçou o leme do navio e gritou: liberdade. Mas a cada brasileiro Deus ofertou uma cédula em branco; está nas mãos na Nação o seu governante. Nós não podemos influir na decisão do povo, temos de orar para que o escolhido dos homens seja o mesmo escolhido por Deus. Um dia, Jesus, o Governador da Terra, se fez homem, mas o povo não O aceitou e gritou: Barrabás! e até hoje estam os pagando por essa escolha. Pedimos ao Senhor que o povo brasileiro faça uma boa escolha, nossa Pátria querida foi escolhida para tornar-se a “Pátria do Evangelho, o coração do mundo, o celeiro da humanidade” 1. Mas se Deus ofertou a Terra, também ofertou ao homem o direito de escolher seus governantes terrenos.
-Irmã, perguntei, é justo o País sofrer por causa de uma escolha mal feita ao votar?
- A atmosfera de um país é formada pelos fluidos dos seus habitan­tes; se nós só assimilarmos fluidos negativos, atrairemos contendas, lágri­mas e tristeza, apreensões e desespero
Quando Ana nos fornecia exemplos, chegaram dois irmãos que, muito gentis, nos cumprimentaram.
Ali ficamos conversando com eles e concluímos que o político vem à terra em missão e aquele que não está registrado no plano divino com essa tarefa poderá ser eleito, mas terá breve ­vida política. É algo que vem de vidas e mais vidas sucessivas, mesmo que em muitas delas tenha fracassado como político.
Francisco e Mário pron­tamente iam-nos elucidando sobre a vida na Colônia, todavia pareciam preocupados. E eu lhes perguntei:
-o Brasil corre o risco de perder o prêmio dado por Deus de tornar-se a Pátria do Evangelho?
(1) N.E. – Refere-se ao livro “Brasil, Coão do Mundo, Pátria do Evangelho”, escrito por Humberto de Campos e psicografado por Francisco Cândido Xavier, editado pela FEB.
-Sim. Se o País não fizer jus à escolha, o templo divino se deslocará para outra pátria, onde a dignidade e o amor devem reinar.
-Mas não é mais fácil desencarnar os que não a respeitam, do que o país ser sacrificado?
-As religiões que ensinam o homem a ser bom estão cooperando para o progresso espiritual do Brasil. Ismael, com sua falange de luz, ora a Deus para que o Brasil não deixe passar em vão a oportunidade de crescimento, e seja a Terra da redenção.
-Irmão, falou Samita, como pode o Brasil tornar-se a Pátria do Evangelho quando nos defrontamos com a pobreza, o vício, a prostituição, os seqüestros, assassinatos e roubos, enfim, com a violência imperando?
-Tem razão, Samita, hoje o Brasil atravessa momentos dramáticos.
A família está ameaçada, a moral se dissipa diante do modernismo; mas mesmo assim as esperanças de Ismael são imensas, ele acredita que a Estrela-Mãe brilhará sobre o Brasil. Estamos chegando ao clímax da falta de moral, recordando mesmo Sodoma e Gomorra, mas não nos esqueça­mos de que o corpo, não sendo imortal, não suporta a violência, explode; então o espírito, vendo-se desnudo, curva-se diante da verdade e, repleto de remorso, procura a redenção.
-Irmão, dia a dia aumenta a miséria, em cada ruela defrontamo-n.os com irmãos em completo abandono, comentou Enoque.
- NA medida que o homem transforma o seu interior para melhor, ele olha o seu semelhante, e quando isso acontecer amplamente não mais veremos tais criaturas tão infelizez
Disse-me Francisco:
-. Muitos julgam que seremos uma grande potência. Jamais o Brasil terá o direito de escravizar outros povos. Ele crescerá com Deus. Seremos a Canaã prometida, alimentando o mundo, mas um país sem palácios e sem miséria.
-Então não teremos uma moeda forte? O nosso Cruzad02 não será uma moeda universal? perguntei.
- Não é esse o crescimento previsto por Deus, trata-se do cresci­mento espiritual. O Brasil terá de se transformar num jardim divino, de onde remeteremos os fluidos salutares para todo o mundo, principalmente para as regiões onde o ódio do homem causou destruição. Os espíritas têm por obrigação pregar a mensagem divina através de exemplos. Não impor­ta se lá fora a falta de moral se alastra, se o homem mata o homem; o que importa é que nós cremos em Deus e estamos lutando por uma Pátria renovada. Os homens passam, mas o País permanece, esperando pelos seus verdadeiros filhos. Desejo convidá-los para assistir na Praça da República à oração pelo Brasil.
-Agradeço, irmão, e até mais ver.
Despediram-se e nós demos em retirada. Perguntei: -E agora, Enoque, para onde vamos?
-Quem desejar conhecer a Colônia pode fazê-Io, eu terei de me reunir com outros caravaneiros no Departamento do Trabalho, mas vocês podem percorrer a Colônia. Até já.
-A que horas é a prece? perguntei.
-Às dezoito horas, na Praça da República.
Samita, Sadu e Carlos ficaram conversando na pracinha em frente à casa. Eu e Karina buscamos os arredores da Colônia. Algo me chamou a atenção: de um certo edifício partiam caravanas de socorro para a terra. Interpelamos um irmão que participava de uma delas e indaguei:
-Para onde vão? Ele me respondeu:
(2) N.E. -Ao tempo da psicografia que se constitui neste volume, ainda era o Cruzado a moeda corrente do Brasi 1.
- Para a terra. Hoje ocorrerão vários comícios e nós estamos encarregados de proteger aqueles que só desejam louvar seus candidatos.
-Coitados … falei sem sentir.
-Coitados, por quê? retrucou Karina. Você acha que ser babá de viciado é melhor do que proteger fanático político?
-É mesmo, Karina, não sei o que é pior.
-Os dois são dignos trabalhos de socorro, no entanto, este momento político é curto, enquanto que o nosso é uma batalha que parece sem fim.
- Acho que não, falou Karina. As campanhas terminam, mas creio que Ismael sempre desloca os seus auxiliares para ajudar os políticos sérios. Tenho certeza de que isso acontece, caso contrário, o que seria do querido povo brasileiro?
A Colônia era linda, muito linda. Toda a sua vegetação nos oferecia a fragrância das rosas. Os pátios imensos davam seqüência às galerias, aos jardins, às fontes. Enfim, olhando o refúgio dos patriotas, pensei: “coitado daquele que brinca com um mandato político”.
Assim, conhecemos a Colonia dos Velhos Patriotas e, como já se aproximava a hora da prece, seguimos para o local indicado, a Praça da República. As músicas me emocionaram bastante; muitas delas eram orquestradas, mas quando tocou “Brasil, Pátria do Evangelho” , o meu corpo balançou de emoção. Brasil, Brasil querido, estás guardado no coração de Jesus. A praça já estava quase repleta. Fiquei observando o velho edifício, cuja construção é belíssima. À sua frente, em tamanho natural, erguiam-se estátuas de grandes vultos da nossa História. À medida que as músicas eram cantadas, as estátuas iam recebendo uma chuva de flores. No chão, adornado com a flor amor-perfeito, lia-se: “Sete de Setembro” .
Eu vivia uma emoção incalculável. Estávamos ali, orando pelo Brasil. Ainda procurei as estátuas dos grandes patriotas e a figura de Tiradentes me emocionou profundamente, não só a dele, mas também a de D. Pedro II, o querido Imperador do Brasil. Alisei esta última estátua e falei:
-O Brasil lhe pertence, Velho Patriota, estaremos orando para que o pavilhão nacional lhe volte às mãos, e gritei: liberdade, liberdade, Pátria amada.
Nisso, pararam as músicas e um clarim tocou, emocionando a todos.
Uma claridade se fez na estátua de D. Pedro II e depois percorreu outras figuras, que estão cumprindo suas tarefas reencarnatórias; alguns políticos brasileiros, que ontem compuseram a História, hoje labutam nos meios políticos, acertando e errando, mas recebendo do Mais Alto vibrações de amor.
A voz de Ismael se fez ouvir:
-Sejamos benditos, filhos do Nosso Pai. Sejamos dignos irmãos, respeitando a terra-mãe, como Jesus. O domínio sobre um país está nas mãos de Deus, e é Ele que a seu tempo suscitará um governador útil (Eclesiástico, Capo X, vA); Não há coisa mais injusta do que amar o dinheiro porque um tal homem vende até sua mesma alma, pois que se despojou em vida das próprias entranhas (Eclesiástico, Capo X, v.l0); Deus destruiu o trono dos príncipes soberbos e em seu lugar colocou os humildes (Eclesiástico, Capo X, v.l?).
Quanta grandeza encontramos nas Escrituras!
Nelas está contido o chamado do homem ao dever. Se ele ouvisse as palavras de Deus, hoje a Terra não estaria vivendo época tão violenta, onde irmãos matam sem piedade uns aos outros, onde as guerras fazem vítimas, tudo porque o homem ainda desconhece Deus.
E Ele, por amor à Sua família, perdoa, ofertando oportunidades de regeneração. Mesmo assim, o ódio, a injustiça, a pobreza, a fome, as doenças, os vícios e os crimes se alastram, contaminando o chão e fazendo nascer a dor e o desespero.
Nós precisamos vibrar pelo Planeta, para que nele reine a paz, não esquecendo que em cada ponto existe uma bandeira demarcando um país, e a do Brasil está brilhando de luz, as suas cores se destacam, simbolizando as riquezas do seu solo; mas ao buscar a ordem e o progresso percebemos que eles quase se apagam diante do fanatismo de alguns irmãos que, negligenciando o patriotismo, jogam deslealmente com os seus compatriotas, sem lembrar que pátria feliz é aquela onde todos vivem em paz. Estamos apreensivos, o País caminha para algumas reformas; queira Deus que sejain elas previstas por Ele; que o homem não atrase o crescimento do País; que nós, que nos propusemos a ajudar o Senhor na transformação da Terra, estejamos aptos a agir sem preferências partidá­rias, apenas cumprindo com o dever de brasileiros, que desejam que o País seja o Coração do mundo. Temos de orar muito para que a nossa Pátria não se vista de negro para ocultar as deformações das injustiças. O plano de Deus um dia se fará, e· queira Ele que ninguém tenha retardado esse momento, pois sentirá o ranger de dentes por ter feito um borrão nas páginas da História.
Defrontamo-nos com momentos difíceis, quando as nossas Casas religiosas têm por obrigação fazer brilhar a espada de Jesus, recordando a cada mortal que a pátria é a universal, que nós somos apenas soldados alojados no batalhão brasileiro; cabe a nós defender os projetos divinos referentes ao crescimento do Brasil.
Unidos estaremos, junto aos políticos, orientando-os para que sejam mais patriotas e que a verdade faça brilhar na bandeira uma bela canção de esperança. O País há muito vem sendo preparado, mas o homem orgulhoso esmaga as sementes da paz, que abnegados Ministros de Deus tentam germinar nessas terras.
Não podemos forçar o homem a aceitar a glória, mas como fiéis discípulos de Jesus, devemos incentivá-Io a cultivar na terra o Seu Evangelho de paz. O poder é uma tiara dourada, cuja luz cega o homem sem humildade, fazendo-o presa fácil e o levando a cometer injustiça sobre injustiça.
Mas nós, os servos de Deus, temos de acreditar nos homens e no seu amor à Pátria, pois sabemos que receberam do Governador a incumbência de torná-la Pátria Universal.
Se hoje os vícios, a imoralidade, a maldade, o orgulho crescem diante dos nossos olhos, também vemos Jesus fazendo descer sobre o Brasil a Sua falange de luz. O tempo para nós não conta, só esperamos que os brasileiros se conscientizem na boa escolha, porque o plano de Deus é imutável. Quem, por direito, receber a incumbência de dar à Pátria o que ela há tanto espera, que essas mãos iluminadas levantem o gigante ador­mecido, que vem a ser as reservas ecológicas brasileiras, escondidas no solo pátrio à espera de quem possa fazê-las progredir.
Neste instante, a paz entre os irmãos é a nossa meta de trabalho. Conscientizaremos o povo a amar a liberdade, mas a liberdade ofertada por Deus. Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas. Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira (Apo­calipse, Capo XXll, vV. 14 e.15).
Sabemos nós que a luta é grande, mas Jesus estará junto à Humanidade tudo fazendo pela transformação da Terra. Não podemos deixar de mencionar os versículos 19 e 20 constantes do Capítulo XIX do Apocalipse:
Eu vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos, para fazerem guerra àquele que estava assentado sobre o cavalo, e ao seu exército. E a besta foi presa, e com ela o falso profeta, que diante dela fizera os sinais, com que enganou os que recebe­ram o sinal da besta, e adoraram a sua imagem …
Jesus é o cavaleiro da paz; se alguém, não obstante as dores e as predições, quiser continuar no mal, que continue. Deus o deixaagir, mas o desespero será terrível. O plano de Deus não se deterá diante da conduta do homem, seja ele quem for.
Serão afastados todos aqueles que, de alguma forma, tiverem agido contra a lei divina, para os quais não haverá prêmio e gozo, pois serão lançados na segunda morte, na infelicidade, pelo remorso de não ter escolhido o caminho da redenção.
Deus nos ofertou a glória do trabalho, e Jesus nos ensinou como orar. Nesta Colônia protetora do Brasil, nós todos pedimos ao Senhor que a Pátria só irradie fluidos benéficos para outras pátrias irmãs; que do seu solo abençoado possa surgir o abastecimento mundial; que Jesus, no Seu cavalo branco irradiando luz, possa nos ajudar a levar ao homem a certeza de que os bens temporais e o poder se dissipam com o tempo, mas a dignidade do ser cresce à medida que ele se toma humilde. Oremos pela paz mundial e pelo crescimento evangélico do Brasil, para que todo o seu povo expulse a besta do Apocalipse, conscientizando-se de que só o Cristo é a salvação.
Quando a voz de Ismael silenciou, cantamos todos esta canção:
“Brasil, terra amada,
Coração do mundo
Ainda não explorado
Por um amor profundo.
Brasil, Pátria do Evangelho, Acreditamos em ti,
O pavilhão verde amarelo Ao teu povo sorri.
Das tuas matas hospitaleiras Vemos surgir a esperança Bendita terra brasileira
Um dia a paz te alcança.
E agora, Cristo Senhor, Ensina-nos a trabalhar Nestas belas paisagens
Sê uma bandeira no ar.
Celeiro da humanidade, Tuas fontes cintilantes Banham as tuas cidades Dessedentando o viajante.
Pátria amada,
Gentil mãe,
Serás logo respeitada, És uma grande Nação.
Jesus, o Governador,
Nós, os vassalos submissos, Ele é o nosso Senhor Dando-nos sempre serviço.”
Todos na praça ainda permaneceram imóveis, orando muito pela paz mundial e pela transformação do Brasil, não uma transformação dura, mas uma transformação divina; todos nós oramos para que o plano de Deus se concretize. Se nós preferirmos Barrabás, existirá sobre a nossa Pátria muita lágrima.
E assim a praça se esvaziou.
-E agora, amigo, para onde vamos? perguntei ao Enoque. Ele me sorriu.
-Como está-se sentindo?
-Não existe no meu vocabulário uma palavra que signifique o agradecimento por tudo o que venho recebendo de Deus. Só espero ser digno de tanta bondade.
-o que achou de Ismael?
-Confesso que sua luz me cegou; não o vi claramente, somente o escutei. Também, não fiz força. Senti-me um verme diante de tanto esplendor.
Assim, fomos andando até uma outra ala da Colônia, e lá fomos muito bem recebidos pelo nosso Kacá, muito conhecido através dos livros espíritas.
- o senhor acredita mesmo que o Brasil será uma grande nação? indaguei.
- Sim, no dia em que desencarnarem todos os maus brasileiros. Naquela praça, a voz de um grande homem dava a todos nós uma bela demonstração de amor. Desejei falar-lhe, mas nesses momentos torna-se difícil. Como você pode notar, leitor amigo, os patriotas estão atentos aos últimos acontecimentos e torcendo pela paz do País. Acerquei­me de Enoque e disse:
-Obrigado, muito obrigado por ter-me trazido aqui; da primeira vez que aqui vim, nem imaginei que esta Colônia fosse um ministério da defesa brasileira. Gostaria de conhecê-la melhor.
E assim, fomos visitando tudo: prédios imensos, bosques, praças, biblioteca, galeria, enfim, percorremos o belo lugar. Sadu pergurtou ao nosso cicerone:
- O que são aqueles edifícios? Parecem quartéis.
-E são mesmo quartéis.
-O quê? Quartéis? indaguei.
-Sim, sem fardas e sem armas.
-Então o militar que desencarna vem para cá?
-Sim, aqueles que não traíram a Pátria e não foram contra as leis de Deus. Somente os simples e bons desembarcam nesta Colônia. Aqui são alojados todos os que na terra lutaram em defesa da pátria. Só vêm trabalhar aqueles que vestiram a túnica da humildade. Todos os países possuem a sua guarda espiritual.,graças a ela, o nosso País vive em paz’, e queira Deus que os brasileiros continuem pacíficos.
-É mesmo, nem pensei nisso, se existe o departamento da arte, havia de ter o da defesa também.
Parei, emocionado, diante da bandeira da paz, coloquei a mão no peito.
A massa ainda acredita nas promessas e isso nos preocupa, porque o eleitor não busca o homem, a sua bagagem política, o seu caráter, mas temos fé de que o povo sofrido sorrirá, que os hospitais não terão filas, que as marquises não serão o lar das crianças carentes, que a fome se distanciará do nosso povo, que em cada coração brasileiro brilhará a luz da felicidade. Para isso estam os trabalhando, e acreditamos que Deus irá nos ajudar, confiante de que a Pátria do Evangelho surgirá das terras brasileiras. Acreditamos que o povo saberá escolher. O País espera pela participação de cada brasileiro. Daqui diviso a capital do País. Brasília é uma cidade diferente, edificada num cenário que lembra a paisagem espiritual, digna portanto da audácia dos seus arquitetos, dos candangos, enfim, dos seus construtores. Brasília é um cântico de amor; nela, tudo se transforma em alvorada e, de braços abertos, ela espera o futuro. Estamos em setembro, louvando a data nacional e recordando de muitas outras em que o pavilhão nacional era beijado pela brisa da capital do Paí~. Criança ainda, Brasília viveu a emoção de receber um presidente eleito pelo povo e, menina ainda, apenas engatinhando, foi palco de fatos que ficaram gravados em sua História. O mês de setembro é muito marcante em minha vida, devido ao meu nascimento, as datas como a de dezoito e trinta de setembro e muitas outras hoje estão vivas em minhas lembranças.
Brasília foi crescendo, crescendo, crescendo. Hoje já é uma mulher independente e livre e logo ir& abrigar o escolhido do povo, queira Deus seja d’Ele também. E que todos nós estejamos segurando bem forte a bandeira de Ismael para que possa operar na nossa terra levando sempre a paz. Tenho fé nos meus patrícios como um dia tive fé em mim mesmo, quando cheguei a bordo de um DC-3, desembarquei no chão vazio – o Planalto Central- e construi no cerrado a capital do Brasil. No dia vinte e um de abril de mil novecentos e sessenta – três anos e cinco meses depois, a cidade estava inaugurada. O novo Presidente do País não vai encontrar as dificuldades de ontem, a poeira não castiga mais as ruas todas asfaltadas, hoje Brasília é uma bela e fulgurante realidade. Queira Deus continue pura e nada venha a destruir sua beleza. Que dos seus Ministérios possam sair as decisões mais acerta­das e jamais em um deles seja praticada uma injustiça sequer. Seja quem for o eleito, estamos vibrando pela paz do Brasil, pedindo a Deus que esse escolhido mantenha coesa a unidade nacional. Agradeço do fundo do coração a todos os trabalhadores brasileiros de todas as categorias, às quais me sinto indissoluvelmente ligado. Estarei sempre ao lado de cada um deles, participando das suas alegrias e das suas lidas, orando pelas suas vitórias. Um abraço a todos os patriotas que aqui se encontram e que a vibração divina chegue até o plano físico. O meu eterno agradecimento ao nosso povo simples e bondoso, que sempre se recorda deste servo de Jesus com saudade e respeito. Um candango.
Parei, emocionado, diante da bandeira da paz, coloquei a mão no peito e cantei o Hino Nacional. Quando parei, todos choravam de emoção, pois as flores do jardim em forma da bandeira nacional recebiam uma vibrante luz amarela em espetáculo radioso.
É uma bela Colônia e muito simpática para todos nós. Sara pergun-
tou:
-Os maus políticos e militares voltam para casa?
-Não. Quem não exerce bem sua profissão, ao rasgar a carteira de
identidade do plano físico, também perde o emprego. Quem não dignificar a sua profissão perde-lá-a, e não é fácil retomar para nós.
-É muito justo, respondi.
Assim, fomos saindo dali. Enoque e Samita dirigiram-se ao Templo da Paz, de onde receberam as elucidações de Ismael, agradecendo a nossa estada ali. Ficamos na Praça da República, e não sei por que senti um amor imenso por D. Pedro II, e pensei: “ninguém tira do homem o que de fato lhe pertence”. Em seguida, Enoque e Samita juntaram-se a nós e assim ganhamos as alamedas daquele belo lugar. Quando ultrapassamos o por­tão, perguntei:
-Para onde vamos agora?
-Para casa.
-Verdade?
-Sim. Só precisamos reencontrar os outros.
-É mesmo, pena que a Lílian não pôde vir, mas um dia ela chega
lá.
Passamos pelo posto trinta e dois e lá tomamos passes e reencontra­mos palári03, que me perguntou:
(3) N.E. – Ver O Vôo Mais Alto, 7Q livro da Série Luiz Sérgio.
-Como foi o aprendizado?
-Meu Deus, nem tenho palavras para agradecer. Diga, por favor, a todos os encarregados do meu crescimento espiritual que lhes sou grato, muito grato, por tudo, e que estarei esperando por novos trabalhos.
-É isso, Luiz Sérgio. O servidor é aquele que se mantém sempre vigilante ao chamado. Agora vamos até a Faculdade de Maria.
E assim o fizemos. Logo estávamos no belo anfiteatro da Faculdade, onde a música tocava serenamente. O perfume de jasmim era o mesmo de sempre. Voltei a olhar as paredes, elas me pareceram fluídicas, a tonalidade azul celeste estava aihda mais transparente. A cadeira duzentos e trinta e três me abrigou novamente, agora estava mais tranqüilo e ela não me rejeitou. Sentei-me e orei baixinho, depois olhei todas aquelas fisionomias e adorei os meus companheiros, que lutam no mundo espiritual por uma terra renovada, e dei graças a Deus por ter escutado o chamado. Sorria para Enoque, Sanita, Karina, Sadu, Lílian e Damian, enfim, para todos eles, quando Lourival deu entrada no palco, dizendo:
-Deus seja louvado, irmãos. Agradeçamos a Ele toda a proteção ao nosso trabalho e que novas responsabilidades nos chamem. Podemos pensar que, por mais que trabalhemos, não conseguiremos deter a droga, mas, antes de tudo, devemos dar graças por estarmos tentando detê-Ia. Fizemos uma longa e proveitosa viagem e não só constatamos que hoje o vício toma conta da sociedade, como nos defrontamos com todos os seus problemas. Conhecemos as cidades trevosas, as organizações, o mundo físico cooperando com elas; a criança sendo mal educada, a prostituição, a falta de amor. Defrontamo-nos também com a responsabilidade de cada espírito com o país onde nasce. Sabemos hoje que driblar a dor é buscar na mentira a arma para afastar-se dela, arma muito perigosa, pois ela se volta sempre contra o próprio dono. Na terra, o homem tenta driblar tudo, só não consegue driblar a consciência. Agradecemos a todas as equipes de trabalho e pedimos ao Senhor sucesso sempre, esperando que no retorno de vocês ao plano físico as condições já estejam melhores. Muita paz.
Terminada a palestra, caminhei até o pátio, onde muita gente cantava e tocava violão; era setembro, as flores perfumavam o meu caminho e continuei, devagar, recitando o Salmo LXX, vv. 15 a 18:
Minha boca anunciará a tua justiça e todo o dia publicará a tua Salvação. Visto que ainda não conheço toda a ciência. Ensinaste-me, oh Deus, desde a minha mocidade e eu anunciarei as tuas maravilhas agora e até a velhice e os cabelos brancos. Não me deixes até que eu anuncie o teu braço a todas as gerações, o teu poder e a tua justiça a todo aquele que há de vir.
É isso, amigo, aqui vou ficando, na certeza de que logo voltaremos a estar juntos e, queira o Senhor, com melhores notícias das que lhe transmiti neste pequeno livro, feito com a alma e o coração repletos. dos meus sonhos e das minhas vitórias.
Um abraço do irmão em Cristo,
Luiz Sérgio
Extraído do Livro: Driblando a dor. Espírito Luiz Sérgio
“A maior caridade que praticamos em relação à Doutrina Espírita é a sua divulgação.”
RUI BARBOSA
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”
Senado Federal. Rio de Janeiro, DF
FALANDO A TERRA
Ruy Barbosa*
Espírito
* RUY BARBOSA FOI A REENCARNAÇÃO DE JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADE E SILVA
Nunca me honrei com aplausos e louros, que os não mereci, mas vigiei,quanto pude, na preparação de tua vitória, exercendo o ministério do direito a que te afeiçoaste, desde o sonho impreciso dos missionários expatriados que te marcaram as primeiras linhas de evolução, voltados para o esplendor da Igreja primitiva.
Incorporando-te à essência de meu sangue e de meu ideal, confiei-me – célula microscópica – à tua grandeza imperecível e tomei assento nas lides da palavra e da pena, nos tribunais e nas praças, na guerra sem quartel daqueles que não conhecem o conselho dos generais, nem o apoio das baionetas.
Por ti, suportei, orgulhoso, o peso de asfixiantes responsabilidades que me feriram os ombros e me iluminaram o coração, na evidência e na obscuridade, aprendendo e sofrendo contigo, na escola da igualdade, da tolerância e da justiça.
E agora, que a ciência mortífera grava transitória supremacia nos regimes, estimulando a política da força pelo triunfo numérico; que a perversidade da inteligência lança o descrédito nos fundamentos morais do mundo; que a crise do caráter emite vagas negras de perturbação e desordem; que a toga desce da majestade dos seus princípios, para dourar os instintos da barbárie nos tremendos conflitos internacionais que se agigantam no século; que a moral religiosa concorre ao pleito de dominação indébita, imergindo nas trevas da discórdia as consciências que lhe cabe dirigir; que a doutrina do sílex substitui os tratados nas guerras sem declaração; que os dogmas de todos os matizes se insinuam nas conquistas ideológicas da Humanidade, preconizando a mordaça e o obscurantismo – agora ponho meus olhos em teu vasto futuro…
Possa continuar ecoando em teus santuários e parlamentos, cidades e vilarejos, vales e montanhas, florestas e caminhos, a palavra imortal do Mestre da Galiléia!
Conserva a tua vocação de fraternidade, para que os mananciais da bênção divina jorrem luz e paz sobre a tua fronte dignificada pelo esforço cristão na concórdia e na atividade fecunda. Guarda o teu augusto patrimônio de liberdade a distância de todos os gigantes do terror, dos deuses da carniça e dos gênios da brutalidade, que tentam ressuscitar os fósseis da tirania.
Elege o trabalho por bússola do progresso e da ordem, porque de tuas arcas dadivosas manará novo alimento para o mundo irredimido. Templo de solidariedade humana, teu ministério de pacificação e redenção apenas começa… Novo hino será desferido por tua voz no coro das nações. Nem Atenas adornada de filósofos, nem Esparta pejada de guerreiros. Nem estátuas impassíveis, nem espadas contundentes. Nem Roma, nem Cartago. senhores, nem escravos.
Desdobrem-se, isto sim, em teu solo amoroso os ramos viridentes da Árvore ao Evangelho, a cuja sombra inviolável se mitigue a sede multimilenar do homem fatigado e deprimido! Desfralda o estrelado pavilhão que te assinala os destinos e não te quebrantes à frente dos espetáculos cruentos, em que os povos desprevenidos da atualidade erguem cenotáfios e ossuários a própria grandeza.
Descerra hospitaleiras portas aos ideais da bondade construtiva, do perdão edificante, do ilimitado bem, porque somos em ti a família venturosa do Cristianismo restaurado, e, por amor, se necessário, mil vezes nos confundiremos no pó abençoado e anônimo dos teus caminhos floridos de esperança, empunhando o código da justiça para o exercício varonil do direito, emergindo das sombras da morte – celeiro sublime da vida renascente.
Grande Brasil! Berço de triunfos esplêndidos, aberto à glorificação do Cristo, seja Ele a tua inspiração redentora, o teu apoio infalível, a trave-mestra de tua segurança; e, enaltecendo o messianismo do teu povo fraterno, em cujo seio generoso se extinguem todos os ódios de raça e se expungem todas as fronteiras do separatismo destruidor, que o Mestre encontre no âmago de teu coração o sagrado pouso das Boas-Novas de Salvação, descendo, enfim, da cruz de nossa impenitência multissecular para conviver com a Humanidade terrestre, para sempre.
Ruy Barbosa – Psicografia de Chico Xavier – Livro: Falando a Terra

ANO 2057 – Chico Xavier, nos informa quando a terra será um mundo de regeneração (Artigo mais completo)

Chico Xavier, nos informa quando a terra será um mundo de regeneração
No livro Plantão de Respostas, Volume II, Chico Xavier diz: “Emmanuel afirma que a Terra será um mundo regenerado por volta de 2.057”.
Percebamos que o ano de 2.057 está dentro dos limites preconizado por Kardec.
O que nos leva a crer que, quando os princípios espíritas estiverem implantados em todo o planeta, haverá uma revolução cultural em tamanha proporção, que veremos o alvorecer do tão esperado Mundo de Regeneração.
Em 1932, através do capítulo acima UM NOVO CICLO EVOLUTIVO, Maria João de Deus (Mãe de Chico Xavier), informa:
“Nossos venerandos mentores espirituais sempre nos elucidam, explicando que a Terra se acha em vias de conhecer um novo ciclo evolutivo. Explicam-nos, então, que esses movimentos objetivam não só o cumprimento exato das provações individuais e coletivas dos homens e dos povos, como também representam um trabalho de drenagem sobre as multidões humanas, selecionando as almas então encarnadas nesse mundo” e, através do capítulo AS CORRENTES MIGRATóRIAS, informa: “Afirmam, portanto, os nossos guias que apenas começamos a presenciar os grandes acontecimentos que, fatalmente, terão de ocorrer nos anos vindouros.
Em 1938, no capítulo acima LUTAS RENOVADORAS, Emmanuel informa:
As guerras russo-japonesa e a européia de 1914 a 1918 foram pródromos de uma luta maior, que não vem muito longe, dentro da qual o planeta alijará todos os Espíritos rebeldes e galvanizados no crime, que não souberam aproveitar a dádiva de numerosos milênios, no patrimônio sagrado do tempo.
E, em 1971, conforme capítulos do livro PLANTãO DE RESPOSTA, transcritos abaixo, Emmanuel afirma que a Terra será um mundo regenerado por volta de 2057.
Portanto, com base nestas informações supracitadas, entendemos que o processo de “TRANSICÃO DE PLANETA DE PROVAS E EXPIAÇÕES PARA O DE REGENERAÇÃO” teve início com a 2ª guerra mundial e deve estar concluído por volta de 2057.
Esta magnífica obra “A CAMINHO DA LUZ” não se limita a um simples registro histórico, apenas, mas, sobretudo, tem como finalidade precípua a demonstração do ciclo evolutivo a caminho da regeneração.
Podemos concluir, também, que Francisco Cândido Xavier é um dos principais missionários enviado à Terra, no início desse período de transição, para ratificar e complementar todas as informações necessárias, a fim de que possamos trabalhar em prol do nossos semelhantes e na iluminação do nosso íntimo, “finalidade divina do Espiritismo“.
Livro “PLANTÃO DE RESPOSTA” referente ao programa de televesiao em Dezembro de 1971 – “PINGA FOGO (II)”.
Capítulos do livro “Plantão De Respostas “Emmanuel/Francisco Cândido Xavier
*
* CONDIÇÕES DO PLANETA (I)
* Pergunta: O que a Doutrina Espírita pode dizer a respeito do fim dos tempos, isto é, como ocorrerá a transformação do planeta em planeta de provas e expiações para o de regeneração?
*
* Resposta: Através da busca da espiritualização, superação das dores e construção de uma nova sociedade, a humanidade caminha para a regeneração das consciências.
*
Emmanuel afirma que a Terra será um mundo regenerado por volta de 2057. Cabe, a cada um, longa e árdua tarefa de ascensão. Trabalho e amor ao próximo com Jesus, este é o caminho.
* CONDIÇÕES DO PLANETA (II)
* Pergunta: Qual a classificação do Planeta Terra na Hierarquia Universal? é verdade que a humanidade se encontra ainda no estágio animal e não hominal?
* Resposta: Planeta de Prova e Expiação. Segundo Allan Kardec, a Terra deixará de ser um mundo de dor, de provas e de expiações, para ser um mundo de Regeneração, de reequilíbrio, de felicidade. Encontramo-nos em processo de evolução.
Encarnado no corpo do homem, o espírito lhe traz o princípio intelectual e moral que o torna superior aos animais. Purificando-se, o espírito se liberta pouco a pouco da influência da matéria. Sob essa influência aproxima-se do bruto, mas não deixa de pertencer ao reino hominal. Isento dela, elevar-se-á à sua verdadeira destinação, ou seja, a de espírito puro.
Bezerra de Menezes, nos informa quando o espiritismo será implantado na terra.
No livro (*)Atitude de Amor, Editora Dufaux, psicografia de Wanderley Soares de Oliveira, Bezerra de Menezes nos esclarece que para o Espiritismo ser implantado na Terra houve um planejamento na espiritualidade (como não poderia deixar de ser), e que a implantação teve uma delimitação de três períodos distintos de 70 anos.
O primeiro período de 70 anos (de 1.857 a 1.927) teve como foco a consolidação do fato de que o Espiritismo não é uma crença fundamentada em idéias humanas, mas, sim, o Espiritismo é a Doutrina dos Espíritos.
O segundo período (de 1.928 a 1.997) teve como objetivos a proliferação dos Centros Espíritas e a difusão do conhecimento espírita. Foi o período em que ficamos especialistas em fazer belos discursos, sem praticá-los! Passamos a ter conhecimento, mas, sem as correspondentes atitudes.
O terceiro e último período de 70 anos (1.998 a 2.067) é o que estamos vivendo neste momento! O que implica o quão essencial é crermos que nossa atual reencarnação é a mais importante de todas as existências que até hoje tivemos.
Sobre este último período, diz Bezerra de Menezes que é o período das atitudes, isto é, este é o momento de praticarmos o que até agora aprendemos com o Espiritismo.
Por exemplo, se temos um belo discurso sobre fraternidade, chegou a hora de sermos fraternos. Como disse Richard Simonetti, “Chegou a hora do conhecimento descer da cabeça para o coração”, ou como disse nosso também confrade Carlos Abranches: “Precisamos raciocinar com o coração e amar com o cérebro”.
Conclusão – III: Bezerra de Menezes nos informa que a implantação do Espiritismo na Terra será no período de 1.997 a 2.067, período este dentro dos limites de tempo em que Kardec afirma que o Espiritismo será Crença Comum.
Atitude deAmor
(Mensagem do espírito Bezerra de Menezes, no livro Seara Bendita, psicografado por Maria José da Costa Soares de Oliveira e Wanderley Soares de Oliveira, MG: Editora INEDE, 2000)
“Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis?
não fazem os publicanos também o mesmo?” – Mt. 5:46″

A palavra de Bezerra:
O período da maioridade
Na primeira noite após o memorável Congresso Espírita Brasileiro (1), fomos convocados para ouvir a palavra sóbria e cândida do paladino da unificação, Bezerra de Menezes, em ativo núcleo de nosso plano destinado aos empreendimentos voltados para o Consolador.
Ainda invadidos pelos sentimentos sublimes despertados pelo inesquecível conclave, ora encerrado na cidade de Goiânia trazíamos nossa mente imersa em profundas meditações acerca do quanto a ser feito ante as perspectivas descerradas.
No momento azado, dirigimo-nos para o salão onde se daria o conclave. Chegamos minutos antes no intuito de rever companheiros queridos que labutavam em plagas distantes e que, a convite de Bezerra, mantiveram-se ali após o congresso exclusivamente para ouvir-lhe a palestra.
A lotação era para cinco mil participantes e não havia lugares desocupados. Eram os trabalhadores do evento ora realizado, militantes da Seara em outros continentes, poetas, educadores, seareiros dos primeiros tempos, personagens da história brasileira, enfim, grupo imenso; todos comprometidos com os destinos do Espiritismo. Representações de caravaneiros de todos os estados brasileiros e dos países participantes do magno evento também estavam presentes, além dos servidores anônimos que se prestaram aos mais variados serviços de amparo e defesa pelo bem da tarefa concluída no plano físico.
Seria impossível relacionar todos, mas com intuitos que atendem a nosas ponderaçòes do momento destacamos a presença de Robert Owen (o filho), César Lombroso, Humberto Mariotti, Milton O’Relley, Anita Garibaldo, Helena Antipoff, Edgard Armond, Torteroli, Jean Baptiste Roustaing, Benedita Fernandes, Deolindo Amorim, Herculano Pires, Carlos Imbassahy, Freitas Nobre, Toulouse Lautrec, Tarsila do Amaral, Frederico Fígner, cassimiro de Abreu, Olavo Bilac, Castor Alves, Antônio Wantuil de Freitas, Alziro Zarur, Rui Barbosa, Antônio Luiz Sayão, Antônio(?) Olímpio Telles de Menezes, Cairbar Schutel.
Fomos chamados para o instante aguardado. Uma pequena e singela mesa com um belíssimo ornamento de flores embelezava o palco ao lado de potente aparelho sonoro dirigido ao grande público presente. Tudo guardando extrema simplicidade. Sem cerimônias e delongas, após oração comovida por parte de nosso condutor é passada a oportunidade ao imbatível “médico dos pobres”. (2):
Irmãos, Jesus seja nossa inspiração e Kardec a luz de nossos raciocínios.
O cinqüentenário do acordo de unificação, o Pacto áureo, ainda agora enaltecido pela comunidade espírita mundial, é vitória de incomensurável quilate espiritual para a glória do Espiritismo. Os esforços não foram em vão.
Passado o conclave nosso olhar se volta, mais que nunca, para o futuro.
Sem demérito de qualquer espécie a corações que têm feito o melhor que podem, os que aqui se encontram presentes conhecem de perto a extensão das necessidades com as quais estamos lidando.
E ainda agora, enquanto muitos se encontram inebriados com a nobre comemoração face às conquistas logradas em meio século de serviço austero, atentemos para o quanto nos falta caminhar, a fim de merecermos com justiça o título de Cristãos da nova era.
Desde as primeiras idéias para a formação das bases organizativas do movimento, são passados quase cem anos. O progresso é evidente.
Entretanto, não será demais e insano afirmar que, a despeito das conquistas, encontramo-nos na infância de nisso movimento libertador ante a envergadura da missão a nós confiada na humanidade.
A progressão do ideário espírita está em boas mãos e a falange verdade continua o programa com sucesso, não obstante os empecilhos que são variados.
Inteiremo-nos com acerto sobre o que o momento espera de todos e façamos o que for preciso, a fim de impedirmos o prolongamento da conveniência prejudicial ao prosseguimento de planos maiores.
Os primeiros setenta anos do Espiritismo constituíram o período da consagração da origens e das bases em que se assentam a Doutrina, que lhe conferiram legitimidade. Heróis da tenacidade e fibra moral, dispostos a imolar-se pela causa, venceram o preconceito do tempo e a pressão da inferioridade humana no resguardo e defesa da empreitada de Allan Kardec. O último lance que delimitou esse período foi o Congresso Internacional de Espiritismo realizado em Paris (3), onde o arauto do bem, Leon Dénis, suportou a lâmina sutil da mentira e consolidou o perfil definitivo do Espiritismo como Doutrina dos Espíritos, eximindo-a de desfigurações que em muito prejudicariam sua feição educativa e conscientizadora.
O segundo período de mais setenta anos, que coincide com o fechamento do século e do milênio, foi o tempo da proliferação. Uma idéia universal jamais poderia ficar confinada a grupos de estudo ou experimentos da fenomenologia mediúnica de materialização; fazia-se necessária a intensificação dos conhecimentos dentro de um crescimento ordenado e defensivo na elaboração de um perfil filosófico. Eis o mérito das entidades promotoras da unificação e da multiplicação de centros espíritas. Sob o regime de controle e zelo foram predicados os seus objetivos primaciais. A literatura subsidiária provocou o questionamento, a discussão, o estudo, e com isso o aprendizado dilatou-se.
A primeira etapa consagrou o Espiritismo como ideário do bem, atraindo a simpatia e superando o preconceito; a segunda ensejou a difusão. Penetramos agora o terceiro portal de mais setenta anos, etapa na qual pretende-se a maioridade das idéias espíritas.
É necessário atestar a vitalidade dos postulados espiritistas como alavanca de transformações sociais e humanas. Sua influência na cultura, nas artes, na ciência, nas leis, na filosofia e na religião conduzirá as comunidades, que lhe absorverem os princípios, a novos rumos para o bem do homem através da mudança do próprio homem.
Esse novo tempo deverá, igualmente, conduzir a efeitos salutares a nossa coletividade espírita, criando entre nós, seus adeptos, o período da atitude. O velho discurso sem prática deverá ser substituído por efetiva renovação pela educação moral. É a etapa da fraternidade na qual a ética do amor será eleita como meta essencial, e a educação como o passo seguro na direção de nossas finalidades.
Jesus definiu seus discípulos por muito se amarem, o Espírito verdade assinalou o “amai-vos e instruí-vos” como plataforma do verdadeiro espírita, e esses ensinos deverão constituir a base do programa transformador para nossas metas ante a era nova.
Assim como nas demais fases foram programadas reencarnações missionárias, a exemplo do que sucedeu no iniciar dos séculos XIX e XX, igualmente se apronta uma geração nova para os novéis ofícios da causa, dentre os quais muitos de vós aqui presentes estão esclarecidos sobre seu auspicioso retorno às fileiras do Consolador em missões de solidariedade e renovação, enquanto os que guardam maiores compromissos na vida extra-física estão conscientes dos desafios que a todos nos esperam.
Descrevamos algo de essencial acerca dessas batalhas que enfrentaremos, para não localizarmos o “joio” onde está o “trigo” e definirmos melhor as estratégias de ação.
Todos os que estão hoje em postos da administração pública brasileira, em dissonância com a ética e com os objetivos superiores para os quais reencarnaram, de bem conduzir os interesses deste País, serão, um a um a seu tempo, “removidos” para acertarem contas com as suas consciências e a espiritualidade superior.
É o que se viu e se vê todos os dias na mídia.
O FUTURO DO BRASIL Mensagem de André Luiz
André Luiz & Francisco Cândido Xavier
(*) Mensagem de 1952. Ver nota no final
O mundo caminha para grandes conquistas e também grandes catástrofes. O engenho de guerra que assombrou o mundo com a destruição moral e material de Hiroshima e Nagashaki será a causa de desentendimentos no mundo inteiro. No Brasil, um líder operário terá morte violenta, pois as forças espirituais que vivem no cosmos pedem ao Supremo Criador justiça por tudo o que foi feito de bárbaro em nome do Supremo Criador e da Pátria.
Com o desaparecimento deste, o Brasil vai passar por momentos difíceis, diversos movimentos armados vão abalar profundamente a estrutura nacional. No meio a isto virá um homem da terra do Mártir Tiradentes, e, apesar as pressões, muito irá fazer pelo Brasil, inclusive será o criador de uma Cidade Jardim, tal qual o Éden, diferente de todas as cidades, mas será substituído por outro que muita confusão irá criar e , na sua saída injustificada vai deixar a nação abalada e deste abalo vai começar o período crítico, até que o homem do patriotismo, vindo também da terra de Tiradentes irá cercar se de outros e vão derrubar a viga mestra da confusão e então muita coisa nova vai acontecer.
Homens , mulheres e crianças vão sofrer conseqüências justas e injustas provocadas por erros anteriores. O regime será combatido e até abalado, mas, muitas nações a dar crédito e respeito ao Brasil.
Com a mudança dos homens, muitos que foram o esteio da situação, serão chamados a prestar contas a Deus,então o sol, as enchentes e o frio vão criar a fome e o desespero, não só no Brasil, mas também no mundo.
Mas, no fim de tudo, vai aparecer um homem franco, sincero e leal, que montado em seu cavalo branco e com sua espada, dará uma nova dimensão e personalidade aos destinos do Brasil, corrigindo injustiças e fazendo voltar a confiança e esperança no futuro do Brasil.
Será combatido e criticado por seu temperamento e atitudes, mas ele contará com a proteção das Forças Supremas que habitam o Cosmos, e o Brasil será verdadeiramente o coração do mundo e, apesar de crises e ameaças, internas e externas, que irão aparecer, ele será sempre o fiel da balança pela sua fé e esperança no destino do Brasil a ele confiado.
(*) – Mensagem de André Luiz, transcrita por Chico Xavier. Recebida no Centro Espírita Jesus de Nazaré, em Congonhas do Campo, aos 23 dias de dezembro de 1952. O líder operário mencionado é Getúlio Vragas, e o que abandona o poder é Jânio Quadros. Há referências a Juscelino Kubitcheck, à criação de Brasília (cidade jardim) e à época da ditadura. Há referências a Tancredo Neves (com a morte dele e a ascenção de Sarney a ditadura efetivamente acabou), e agora muita coisa está acontecendo. Há referências a problemas de fome, enchentes e secas e a um líder que ainda há de vir.
Missão espiritual no Brasil
É indiscutível a missão do Brasil, como nação livre e soberana, no campo do socorro e assistência aos povos irmãos em penúria, seja intermediando a paz, porventura, entre as oponentes em conflito, seja colaborando material e socialmente com as mesmas em suas dificuldades, principalmente às mais modestas no concerto dos povos.
Ainda agora, nosso país tem envidado esforços no sentido de colaborar com o Haiti, na América Central, ainda em franca distonia política.
Porém, sua missão não se circunscreve apenas ao campo da assistência material e política às demais nações da Terra, mas também, à assistência espiritual.

Trata-se de magna missão que lhe foi outorgada por Jesus, como, aliás, está registrado no livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, de autoria de Humberto de Campos e psicografia de Chico Xavier.
Conforme ali está registrado, Jesus dignou-se de transplantar a árvore de seu Evangelho de Amor e redenção para a pátria do Cruzeiro, então Terra de Santa Cruz.
Assim, sob a égide do próprio Cristo, na terra dadivosa do Cruzeiro prolifera não apenas o maná que aplaca a fome do corpo, mas também a sede do espírito.
Colhe-se da obra citada, sob o título Esclarecendo, em seguida ao prefácio de Emmanuel, da verve do destacado ex membro da Academia Brasileira de Letras, as sensibilizantes expressões (Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho – 14ª edição – FEB):
“…Mas, se numerosos pensadores e artistas notáveis lhe traduziram a grandiosidade de mundo novo, contudo “lá fora” as inesgotáveis reservas do gigante da América, todo esse espírito analítico não passou da esfera superficial das apreciações, porque não viram o Brasil espiritual, o Brasil evangélico, em cujas estradas, cheias de esperança, luta, sonha e trabalha o povo fraternal e generoso, cuja alma é a “flor amorosa de três raças tristes”, na expressão harmoniosa de um dos seus poetas mais eminentes.
As reservas brasileiras não se circunscrevem ao mundo de aço do progresso material, que impressionou fortemente o espírito de Humboldt, mas se estendem, infinitamente, ao mundo de ouro dos corações, onde o país escreverá a sua epopéia de realizações morais, em favor do mundo.
Jesus transplantou da Palestina para a região do Cruzeiro a árvore magnânima do seu Evangelho, a fim de que os seus rebentos delicados florescessem de novo, frutificando em obras de amor para todas as criaturas…”
E, para o tom revigorante da realidade do ordenado por Jesus, do Plano Maior, o consagrado autor de “Sombras que Sofrem”, acrescenta:
“…Nessa abençoada tarefa de espiritualização, o Brasil caminha na vanguarda. O material a empregar nesse serviço não vem das fontes de produção originariamente terrena e sim do plano invisível, onde se elaboram todos os ascendentes construtores da Pátria e do Evangelho…”
Emmanuel, endossando as informações de Humberto de Campos, no prefácio da obra, informa:
“…O Brasil não está somente destinado a suprir as necessidades materiais dos povos mais pobres do planeta, mas, também, a facultar ao mundo inteiro uma expressão consoladora de crença e de fé raciocinada e a ser o maior celeiro de claridades espirituais do orbe inteiro…
…Se outros povos atestaram o progresso, pelas expressões materialistas e transitórias, o Brasil terá a sua expressão imortal na vida do espírito, representando a fonte de um pensamento novo, sem as ideologias de separatividade, e inundando todos os campos das atividades humanas com uma nova luz…”

Como prova de aplicação prática desse sagrado dever cristão de nosso país para com os demais povos do orbe, registramos, ao ensejo, o caso abaixo, do livro Inesquecível Chico, de Romeu Grisi e Gerson Sestini” (Edição GEEM, 2008, às páginas 136/137), obra biográfica a que já me referi neste jornal, em outro artigo:
“Perguntei ao médium, em certa ocasião, algo que sempre me vinha à mente, aguçando a curiosidade:

— Chico, em nossas reuniões mediúnica, na época da 2ª Guerra Mundial, recebíamos entidades que haviam desencarnado nos combates.

Minha mãe, de modo especial, tinha mais facilidade de atraí-las para serem socorridas.

Sabemos que André Luiz se refere, em uma de suas obras, a esse tipo de socorro naquele período.
Contudo, depois de certo tempo, estas comunicações cessaram por completo.

Qual seria o motivo?

— Existem razões para você relacionar esse fato, Romeu. Depois de desencarnado o conflito, os centros espíritas do Brasil foram convocados pela Espiritualidade a prestar socorro às entidades que desencarnavam aos milhares na Europa, que sabemos ter fortes laços espirituais com o nosso País, sobrecarregando a atmosfera espiritual daquele continente.
As barreiras espirituais que separam as nações de então foram abertas e os médiuns, nas sessões, serviram de instrumentos para que tais comunicações se dessem.

É notável destacar, contudo, que muitas casas espíritas só tiveram conhecimento da simultaneidade do trabalho realizado, através de comentários que se seguiram entre os confrades.

Passado o tempo necessário para que essas atividades se realizassem, as barreiras espirituais entre as nações se fecharam, motivo pelo qual as comunicações deixaram de ocorrer, como você queria saber.”

Weimar Muniz de Oliveira – Juiz Federal) É presidente do Lar de Jesus, vice-presidente da Abrame – Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas – e diretor da Federação Espírita do Estado de Goiás – Feego Missão espiritual no Brasil
A Missão do Brasil
Por todo o mundo, muitos corações empedernidos fecham-se aos apelos da caridade e da necessidade de se dividir mais igualitariamente as riquezas materiais que existem no globo e entre dias de ação de graças, comemorações de datas pátrias, oferendas a ídolos de pedra, milhões de crianças, homens e mulheres sucumbem à humilhação do pós-guerra, ao massacre da fome, a dor de um ente violentado e a prostituição. E no Brasil, na terra do cruzeiro ,país continental escolhido pelo angelical Ismael para sediar a grande missão apostolar de ser fonte de bênçãos entre as diversas raças e religiões, oscila no psiquismo nacional, estágios de descrença e euforia social .
Neste roteiro de desafios desanimadores, retornam a Terra muitos servidores da Boa Nova, nos campos da filosofia, das ciências e das religiões fraternais. E para o Brasil, distante de conceitos de privilégios ou castas, se revezam vanguardeiros que se apresentam nas muitas áreas de atuação humana, marcando passagem pela sinceridade daquilo que falam e vivenciam.
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Meus filhos lancemos fora os costumes desregrados e mesquinhos das épocas de alienação e revolta, que fizeram surgir rebeliões sociais a titulo de revolução do povo.
Afastemo-nos da cobiça desenfreada, onde o vil metal supera a honestidade e a dignidade dos Homens.
Apartemo-nos das falácias das elites igreijistas, serviçais de mamon, que pregam o separatismo e a intolerância até mesmo para com as chamadas minorias, irmãos nossos que merecem respeito e tolerância em suas opções.
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Neste contexto de transição espiritual, sobressai aos nossos olhos espirituais, a pátria brasileira a qual muito amamos e servimos em nossa ultima passagem pela Terra, e que aqui nos confins da espiritualidade, recebe particular afeto de nossa bendita Maria, a amorável mãe de Jesus, em virtude de se encontrarem encarnados no Brasil, alguns milhares de caravaneiros de sua equipe espiritual.
O Brasil há muito possui a missão de unir mentes no caminho da salvação caritativa e por isso deve acordar definitivamente deste sono, hora de euforia, hora de lassidão.
A nação é mais do que a alegria passageira oriunda dos títulos nos esportes populares, euforias carnavalescas, imediatismos consumistas, fatores que indiscutivelmente respeitamos, mas que tem gerado a médio e longo prazo, estímulos ao comodismo, ao esquecimento dos grandes problemas nacionais e com isso gerando campo fértil para a tese do menor esforço, da alienação e a incessante busca pelo poder que projeta nas sombras, a erva daninha do narcotráfico e da corrupção galopante que se espalha nos três poderes, conferindo péssimo exemplo as base da pirâmide social, o que sem duvidas propicia discursos hipócritas, messiânicos e populistas.
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Neste momentos de desafios morais e intelectuais, a Doutrina Cristã Espírita, codificada por Allan Kardec, não é a única forma de auxiliar a espiritualizar os sentimentos, mas é aquela que melhor esclarece quanto às responsabilidades individuais e seus resgates cármicos.
Todas as religiões e filosofias que no mundo estimulam a bondade e a compreensão são bem aventuradas, mas o tempo urge para muitos de nossos irmãos alguns deles em ultimas oportunidades reencarnatórias necessitando de esclarecimentos mais racionais e diretos.
Filhos amai-vos e instrui-vos como ensinaram as venerandas vozes a Allan Kardec. Evangelizemos a criança, o moço e o adulto e não nos afastemos nem do apoio material, nem do amparo espiritual que são fontes benditas para nossa evolução.
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No passado , a Palestina foi aquinhoada com a presença de Jesus e fechou as portas do templo intimo, optando pelas aparências e pelo personalismo, não façamos o mesmo com o Brasil.
O Brasil recebeu a missão de edificar vidas e ser o celeiro material e espiritual do mundo, mas se o povo buscar apenas a projeção material, tal como muitos impérios de gelo, sucumbirá ao sentimento devaidade pátria, negando o Cristo e endividando-se ainda mais perante os párias da nação.
Compadeçamo-nos das nossas crianças que perambulam nas ruas consumindo tóxicos devastadores. Idosos que jazem em catres infectos. Presidiários em depósitos de sevícias. Pais sem esperanças. Evitemos as teias do individualismo que propicia a cumplicidade com o aborto delituoso, as promoções de leis favoráveis à eutanásia, a pena de morte e a comunhão com o que há de pior em nosso primitivismo animal.
Irmãos acordemos enquanto ainda balouça nos quadrantes nacionais a bandeira do amor e da esperança pedindo-nos vivenciar o Evangelho do Cristo, com muito trabalho, solidariedade e tolerância.
Que assim Deus nos permita auxiliar. Do irmão humílimo de sempre,
Bezerra de Menezes
Livro: “Brasil, Coração do Mundo – Pátria do Evangelho”.
Espírito: Humberto de Campos. Psicografia: Francisco Candido Xavier.
PREFÁCIO
Emmanuel
Meus caros filhos. Venho falar-vos do trabalho em que agora colaborais com o nosso amigo desencarnado, no sentido de esclarecer as origens remotas da formação da Pátria do Evangelho a que tantas vezes nos referimos em nossos diversos comunicados. O nosso irmão Humberto tem, nesse assunto, largo campo de trabalho a percorrer, com as suas facilidades de expressão e com o espírito de simpatia de que dispõe, como escritor, em face da mentalidade geral do Brasil.
Os dados que ele fornece nestas páginas foram recolhidos nas tradições do mundo espiritual, onde falanges desveladas e amigas se reúnem constantemente para os grandes sacrifícios em prol da humanidade sofredora. Este trabalho se destina a explicar a missão da terra brasileira no mundo moderno. Humboldt, visitando o vale extenso do Amazonas, exclamou, extasiado, que ali se encontrava o celeiro do mundo. O grande cientista asseverou uma grande verdade: precisamos, porém, desdobra-la, estendendo-a do seu sentido econômico à sua significação espiritual.
O Brasil não está somente destinado a suprir as necessidades materiais dos povos mais pobres do planeta, mas, também, a facultar ao mundo inteiro uma expressão consoladora de crença e de fé raciocinada e a ser o maior celeiro de claridades espirituais do orbe inteiro. Nestes tempos de confucionismo amargo, consideramos de utilidade um trabalho desta natureza e, com a permissão dos nossos maiores dos planos elevados, empreendemos mais esta obra humilde, agradecendo a vossa desinteressada e espontânea colaboração. Nossa tarefa visa a esclarecer o ambiente geral do país, argamassando as suas tradições de fraternidade com o cimento das verdades puras, porque, se a Grécia e a Roma da antiguidade tiveram a sua hora, como elementos primordiais das origens de toda a civilização do Ocidente; se o império português e o espanhol se alastraram quase por todo o planeta; se a França, se a Inglaterra têm tido a sua hora proeminente nos tempos que assinalam as etapas evolutivas do mundo, o Brasil terá também o seu grande momento, no relógio que marca os dias da evolução da humanidade.
Se outros povos atestaram o progresso, pelas expressões materializadas e transitórias, o Brasil terá a sua expressão imortal na vida do espírito, representando a fonte de um pensamento novo, sem as ideologias de separatividade, e inundando todos os campos das atividades humanas com uma nova luz. Eis, em síntese, o porquê da nossa atuação, nesse sentido.
O nosso irmão encontra mais facilidade para vazar o seu pensamento em soledade com o médium, como se ainda se encontrasse no seu escritório solitário; daí a razão por que as páginas em apreço foram produzidas de molde a se aproveitarem às oportunidades do momento. Peçamos a Deus que inspire os homens públicos, atualmente no leme da Pátria do Cruzeiro, e que, nesta hora amarga em que se verifica a inversão de quase todos os valores morais, no seio das oficinas humanas, saibam eles colocar muito alto a magnitude dos seus precípuos deveres. E a vós, meus filhos, que Deus vos fortaleça e abençoe, sustentando-vos nas lutas depuradoras da vida material.

LIVRO: “BRASIL, CORAÇÃO DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO”
ESPÍRITO: Humberto de Campos
esclarecendo
HUMBERTO DE CAMPOS. (*)
Todos os estudiosos que percorreram o Brasil, estudando alguns detalhes dos seus oito milhões e meio de quilômetros quadrados, se apaixonaram pela riqueza das suas possibilidades infinitas. Eminentes geólogos definiram-lhe os tesouros do solo e naturalistas ilustres lhe classificaram a fauna e a flora, maravilhados ante as suas prodigiosas surpresas. Nas paisagens suntuosas e inéditas, onde o calor suave dos trópicos alimenta e perfuma todas as coisas, há sempre um traço de beleza e de originalidade empolgando o espírito do viajor sedento de emoções.
Mas, se numerosos pensadores e artistas notáveis lhe traduziram a grandiosidade de mundo novo, contando “lá fora” as inesgotáveis reservas do gigante da América, todo esse espírito analítico não passou da esfera superficial das apreciações, porque não viram o Brasil espiritual, o Brasil evangélico, em cujas estradas, cheias de esperança, luta, sonha e trabalha o povo fraternal e generoso, cuja alma é a “flor amorosa de três raças tristes”, na expressão harmoniosa de um dos seus poetas mais eminentes.
As reservas brasileiras não se circunscrevem ao mundo de aço do progresso material, que impressionou fortemente o espírito de Humboldt, mas se estendem, infinitamente, ao mundo de ouro dos corações, onde o país escreverá a sua epopéia de realizações morais, em favor do mundo.
Jesus transplantou da Palestina para a região do Cruzeiro a árvore magnânima do seu Evangelho, a fim de que os seus rebentos delicados florescessem de novo, frutificando em obras de amor para todas as criaturas. Ao cepticismo da época soará estranhamente uma afirmativa desta natureza.
O Evangelho? Não seria mera ficção de pensadores do Cristianismo o repositório de suas lições? Não foi apenas um cântico de esperança do povo hebreu, que a Igreja Católica adaptou para garantir a coroa na cabeça dos príncipes terrestres? Não será uma palavra vazia, sem significação objetiva na atualidade do globo, quando todos os valores espirituais parecem descer ao “sepulcro caiado” da transição e da decadência? Mas, a realidade é que, não obstante todas as surpresas das ideologias modernas, a lição do Cristo aí está no planeta, aguardando a compreensão geral do seu sentido profundo. Sobre ela, levantaram-se filosofias complicadas e as mais extravagantes teorias salvacionistas.
Em seu favor, muitos milhares de livros foram editados e algumas guerras ensangüentaram o roteiro dos povos. Entretanto, a sublime exemplificação do Divino Mestre, na usa expressão pura e simples, só pede a humildade e o amor da criatura, para ser devidamente compreendida. Do seu entendimento decorre aquele “Reino de Deus” em cada coração, de que falava o Senhor nas suas meigas pregações do Tiberíades _ reino de amor fraternal, cuja luz é o único elemento capaz de salvar o mundo, que se encaminha para os desfiladeiros da destruição.
E os verdadeiros aprendizes, os crentes sinceros no poder e na misericórdia do Senhor, esperam, com os seus labores obscuros, o advento da cristianização da humanidade, quando os homens, livres de todos os símbolos sectários de separatividade, puderem entender, integralmente, as maravilhas ocultas da obra cristã. Nas suas dolorosas provações dos tempos modernos, quando quase todos os valores morais sofrem o insulto da mais ampla subversão, esses espíritos heróicos e humildes sabem, na sua esperança e na sua crença, que, se Deus permite a prática de tantos absurdos, por parte dos poderosos da Terra, que se embriagam com o vinho da autoridade e da ambição, é que todas essas lutas nada mais representam do que experiências penosas, por abreviar a compreensão geral das leis divinas no porvir. E, serenos na sua resignação e na sua sinceridade, conhecem, ainda, que as lições do Evangelho não são símbolos mortos e aguardam, cheios de confiança no mundo espiritual, a alvorada luminosa do renascimento humano.
Nessa abençoada tarefa de espiritualização, o Brasil caminha na vanguarda. O material a empregar nesse serviço não vem das fontes de produção originariamente terrena e sim do plano invisível, onde se elaboram todos os ascendentes construtores da Pátria do Evangelho.
Estas páginas modestas constituem, pois, uma contribuição humilde à elucidação da história da civilização brasileira em sua marcha através dos tempos. Têm por único objetivo provar a excelência da missão evangélica do Brasil no concerto dos povos e que, acima de tudo, todas as suas realizações e todos os seus feitos, forros dos miseráveis troféus das glórias sanguinolentas, tiveram suas origens profundas no plano espiritual, de onde Jesus, pelas mãos carinhosas de Ismael, acompanha desveladamente a evolução da pátria extraordinária, em cujos, céus fulguram as estrelas da cruz. São elas, ainda, um grito de fé e de esperança aos que estacionam no meio do caminho. Ditadas pela voz de que já atravessou as estradas poeirentas e tristes da Morte, dirigem-se aos meus companheiros e irmãos da mesma comunidade e da mesma família, exclamando:
_ Brasileiros, ensarilhemos, para sempre, as armas homicidas das revoluções!… Consideremos o valor espiritual do nosso grande destino! Engrandeçamos a pátria no cumprimento do dever pela ordem, e traduzamos a nossa dedicação mediante o trabalho honesto pela sua grandeza! Consideremos, acima de tudo, que todas as suas realizações hão de merecer a luminosa sanção de Jesus, antes de se fixarem nos bastidores do poder transitório precário dos homens! Nos dias de provação, como nas horas de venturas, estejamos irmanados numa doce aliança de fraternidade e paz indestrutível, dentro da qual deveremos esperar as claridades do futuro. Não nos compete estacionar, em nenhuma circunstância, e sem marchar, sempre, com a evolução e com a fé realizadora, ao encontro do Brasil, na sua admirável espiritualidade e na sua grandeza imperecível!
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(*) Espírito.
LIVRO: “BRASIL, CORAÇÃO DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO”
ESPÍRITO: Humberto de Campos.
A PÁTRIA DO EVANGELHO
Humberto de CampoS
D. Henrique de Sagres abandonou as suas atividades na Terra em 1460.
Estava realizado, em linhas gerais, o seu grande destino. Da sua casa modesta da Vila-Nova do Infante, onde se encontra ainda hoje uma placa comemorativa, como perene homenagem ao grande navegador, desenvolvera ele, no mundo inteiro, um sentimento novo de amor ao desconhecido. Desde a expedição de Ceuta, o Infante deixou transparecer, em vários documentos que se perderam nos arquivos da Casa de Avis, que tinha a certeza da existência das terras maravilhosas, cuja beleza haviam contemplado os seus olhos espirituais, no passado longínquo.Toda a sua existência de abnegação e asce­tismo constituíra uma série de relâmpagos luminosos no mundo de suas recordações. A prova de que os seus estudos particulares falavam da terra desconhecida é que o mapa de André Bianco, datado de 1448, mencionava uma região fronteira à África. Para os navegadores portugueses, portanto, a existência da grande ilha austral já não era assunto ignorado.
Novamente no Além, o antigo mensageiro do Mestre não descansou, chamando a colaborar com ele numerosas falanges de trabalhadores devotados à causa do Evangelho do Senhor. Procura influenciar sobre o curto reinado de D. Duarte estendendo, com os seus cooperadores, essa mesma atuação ao tempo de D. Afonso V, sem lograr uma ação decisiva a favor das empresas esperadas. Aproveitando o sonho geral dos tesouros das Índias, a personalidade do Infante se desdobra, com o objetivo de descortinar o continente novo ao mundo político do Ocidente. Enquanto a sua atuação encontra fraco eco junto às administrações de sua terra, o povo de Castela começa a preocupar-se seriamente com as idéias novas, lançando-se à disputa das riquezas entrevistas. Eleva-se então ao poder D. João II, cujo reinado se caracterizou pela previdência e pela energia realizadora. Junto do seu coração, o emissário invisível encontra grandes aspirações, irmãs das suas. O Príncipe Perfeito torna-se o dócil instrumento do mensageiro abnegado. A mesma sede de além lhe devora o pensamento. Expedições diversas se organizam.
O castelo de São Jorge é fundado por Diogo de Azambuja, na Costa da Mina; Diogo Cão descobre toda a costa de Angola; por toda parte, sob o olhar protetor do grande rei, aventuram-se os expedicionários. Mas o espírito, em todos os planos e circunstâncias da vida, tem de sustentar as maiores lutas pela sua purificação suprema. Entidades atrasadas na sua carreira evolutiva se unem contra as realizações do príncipe ilustre. Depois do desastre no Campo de Santarém, no qual o filho perde a vida em condições trágicas, surgem outras complicações entre a sua direção justiceira e os nobres da época, e D. João II morre envenenado em Alvor, no ano de 1495.
Todavia, os planos da Escola de Sagres estavam consolidados. Com a ascensão de D. Manuel I ao poder, nada mais se fez que atingir o fim de longa e laboriosa preparação. Em 1498, Vasco da Gama descobre o caminho marítimo das Índias e, um pouco mais tarde, Gaspar de Corte Real descobre o Canadá. Todos os navegadores saem de Lisboa com instruções secretas quanto à terra desconhecida, que se localizava fronteira à África e que já havia sido objeto de protesto de D. João II contra a bula de Alexandre VI, que pretendia impor-lhe restrições ao longo do Atlântico, por sugestão dos reis católicos da Espanha.
No dia 7 de março de 1500, preparada a grande expedição de Cabral ao novo roteiro das Índias, todos os elementos da expedição, encabeçados pelo capitão-mor, visitaram o Paço de Alcáçova, e na véspera do dia 9, dia este em que se fizeram ao mar, imploraram os navegadores a bênção de Deus, na ermida do Restelo, pouso de meditação que a fé sincera de D. Henrique havia edificado. O Tejo estava coberto de embarcações engalanadas e, entre manifestações de alegria e de esperança, exaltava-se o pendão glorioso das quinas.
No oceano largo, o capitão-mor considera a possibilidade de levar a sua bandeira à terra desconhecida do hemisfério sul. O seu desejo cria a necessária ambientação ao grande plano do mundo invisível. Henrique de Sagres aproveita esta maravilhosa possibilidade. Suas falanges de navegadores do Infinito se desdobram nas caravelas embandeiradas e alegres. Aproveitam-se todos os ascendentes mediúnicos. As noites de Cabral são povoadas de sonhos sobrenaturais e, insensivelmente, as caravelas in­quietas cedem ao impulso de uma orientação imperceptível. Os caminhos das índias são abandona­dos. Em todos os corações há uma angustiosa expectativa. O pavor do desconhecido empolga a alma daqueles homens rudes, que se viam perdidos entre o céu e o mar, nas imensidades do Infinito.
Mas, a assistência espiritual do mensageiro invisível, que, de fato, era ali o divino expedicionário, derrama um claror de esperança em todos os ânimos. As primeiras mensagens da terra próxima recebem-nas com alegria indizível. As ondas se mostram agora, amiúde, qual colcha caprichosa de folhas, de flores e de perfumes. Avistam-se os píncaros elegantes da plaga do Cruzeiro e, em breves horas, Cabral e sua gente se reconfortam na praia extensa e acolhedora. Os naturais os recebem como irmãos muito amados. A palavra religiosa de Henrique Soares, de Coimbra, eles a ouvem com veneração e humildade. Colocam suas habitações rústicas e primitivas à disposição do estrangeiro e reza a crônica de Caminha que Diogo Dias dançou com eles nas areias e Porto Seguro, celebrando na praia o primeiro banquete de fraternidade na Terra de Vera Cruz.
A bandeira das quinas desfralda-se então gloriosamente nas plagas da terra abençoada, para onde transplantara Jesus a árvore do seu amor e da sua piedade, e, no céu, celebra-se o acontecimento com grande júbilo. Assembléias espirituais, sob as vistas amorosas do Senhor, abençoam as praias extensas e claras e as florestas cerradas e bravias. Há um contentamento intraduzível em todos os co­rações, como se um pombo simbólico trouxesse as novidades de um mundo mais firme, após novo dilúvio.
Henrique de Sagre, o antigo mensageiro do Divino Mestre, rejubila-se com as bênçãos recebidas do céu. Mas, de alma alarmada pelas emoções mais carinhosas e mais doces, confia ao Senhor as suas vacilações e os seus receios:
- Mestre – diz ele – graças ao vosso coração misericordioso, a terra do Evangelho florescerá agora para o mundo inteiro. Dai-nos a vossa bênção para que possamos velar pela sua tranqüilidade, no seio da pirataria de todos os séculos. Temo, Senhor, que as nações ambiciosas matem as nossas esperanças, invalidando as suas possibilidades e destruindo os seus tesouros. . .
Jesus, porém, confiante, por sua vez, na proteção de seu Pai, não hesita em dizer com a certeza e a alegria que traz em si:
- Helil, afasta essas preocupações e receios inúteis. A região do Cruzeiro, onde se realizará a epopéia do meu Evangelho, estará, antes de tudo, ligada eternamente ao meu coração. As injunções políticas terão nela atividades secundárias, porque, acima de todas as coisas, em seu solo santificado e exuberante estará o sinal da fraternidade universal, unindo todos os espíritos. Sobre a sua volumosa extensão pairará constantemente o signo da minha assistência compassiva e a mão prestigiosa e potentíssima de Deus pousará sobre a terra de minha cruz, com infinita misericórdia. As potências imperialistas da Terra esbarrarão sempre nas suas claridades divinas e nas suas ciclópicas realizações. Antes de o estar ao dos homens, é ao meu coração que ela se encontra ligada para sempre.
Nos céus imensos, havia clarões estranhos de uma bênção divina. No seu sólio de estrelas e de flores, o Supremo Senhor sancionara, por certo, as bondosas promessas de seu Filho.
E foi assim que o minúsculo Portugal, através de três longos séculos, embora preocupado com as fabulosas riquezas das Índias, pôde conservar, contra flamengos e ingleses, franceses e espanhóis, a unidade territorial de uma pátria com oito milhões e meio de quilômetros quadrados e com oito mil quilômetros de costa marítima. Nunca houve exemplo como esse em toda a história do mundo. As possessões espanholas se fragmentaram, formando cerca de vinte repúblicas diversas. Os Estados americanos do norte devem sua posição territorial às anexações e às lutas de conquista. A Louisiana, o Novo México, o Alasca, a Califórnia, o Texas, o Oregon, surgiram depois da emancipação das colônias inglesas. Só o Brasil conseguiu manter-se uno e indivisível na América. entre os embates políticos de todos os tempos. É que a mão do Senhor se alça sobre a sua longa extensão e sobre as suas prodigiosas riquezas. O coração geográfico do orbe não se podia fracionar.
Livro: “Brasil, Coração do Mundo – Pátria do Evangelho”.
Espírito: Humberto de Campos. Psicografia: Francisco Candido Xavier.