Todos somos defrontados, em algum momento da
vida, com a nossa própria ambição.
Numa visão espírita, a ambição pode ser
positiva, pode nos levar para a frente, pode ser o estímulo necessário para o
nosso desenvolvimento.
Sem ambição, não progrediríamos, estaríamos
condenados à estagnação.
Do mal aparente, que é a ambição, surge o
estímulo à pesquisa, que esclarece o espírito.
Acontece que, falíveis que somos, facilmente
nos deixamos dominar pela ambição, e com ela vem a sede de poder, a busca por
status, o apego a títulos, cargos, posição. E isso, no caso de uma pessoa
obstinada, consome uma reencarnação inteira.
Dai a César o que é de César, a Deus o
que é de Deus
Acho que é preciso muita honestidade para
consigo mesmo para deixar bem claro o que pretendemos com a nossa ambição, o quê
ambicionamos. Algumas pessoas – poucas, muito poucas – têm missões para as quais
trazem, em sua bagagem milenar, as características
necessárias.
Pessoas com grande capacidade de liderança e
ideais determinados, destinados a oferecer benefícios à
coletividade.
Outros, embora talvez não tenham como meta
serem úteis aos outros, exercem de tal forma construtiva e ética a sua carreira,
função ou profissão, que adquirem confiança em si mesmos, aprimoram suas
qualidades e acabam se tornando pessoas melhores, espalhando sua positividade no
seu círculo de convívio.
Você pode harmonizar e pacificar as
pessoas
O que ocorre com a maioria, entretanto, é
unicamente a obediência ao egoísmo.
A vontade de ser importante, de aparecer, de
se sobrepor aos demais, de ser reconhecido, respeitado, paparicado, elogiado,
acatado, admirado, até invejado. Muitos dos que aparentam
serenidade e resignação são ambiciosos
fracassados.
Não tiveram capacidade de
perseverar, por falta de talento ou coragem, e preferiram vestir a máscara da
simplicidade.
Cada um faz da sua vida o que bem entender.
Mas quem está desperto para a realidade do espírito imortal, quem sabe que
estamos aqui para adquirirmos disciplina, para angariarmos conhecimentos e
experiências, para lapidarmos nossos sentimentos, para vencermos nossas falhas
de caráter e, principalmente, para buscarmos Deus dentro de nós, este não pode
perder seu tempo e despender as suas energias em ambições
terrenas.
Sempre surgirão oportunidades de fugir ao
programa original.
Quem está desperto para as
coisas do espírito já reencarnou com o propósito de voltar-se para dentro de si
mesmo, de procurar o autoconhecimento, de contatar, mesmo que timidamente, com o
Deus que habita dentro de si.
A Vida há de apresentar o que na oração que
Jesus nos ensinou é chamado de “tentação”, que são os problemas, as
provações que devemos enfrentar e vencer se quisermos continuar no
caminho.
Não nos deixeis cair em
tentação
A auto-honestidade é indispensável para
delimitar com clareza até onde vai a força moral, até que ponto é possível
resistir aos chamados do mundo, aos encantos da materialidade, à ambição que
acompanha o espírito humano.
Quem não se garante não pode se expôr ao
perigo.
Para preservar a caminhada pode ser
necessário evitar ambientes, pessoas ou situações capazes de despertar e
provocar demasiadamente a ambição terrena.
Isso pode parecer covardia, uma espécie de
fuga das dificuldades.
Mas há diferença entre evitar problemas e
fugir deles.
Há diferença entre evitar a proximidade de
um animal feroz, desviando do seu caminho, e provocá-lo para depois
fugir.
Jesus teve, entre seus seguidores,
publicanos e prostitutas.
Publicanos eram os cobradores de impostos,
representantes de Roma, o dominador detestado.
Há um forte simbolismo nas figuras dos
publicanos e prostitutas; a sede de dinheiro e o sexo
desregrado.
Para Jesus isso não representava perigo
algum. Ele não se contaminava com o contato de quem quer que fosse, pelo
contrário. Contagiava a todos que estivessem abertos ao seu ensino de amor e de
verdade.
Mas não somos páreo pra
Jesus.
Nos deixamos influenciar pelo meio em que
convivemos.
E, por isso, um descuido maior pode
acarretar na perda da oportunidade de elevação moral em troca de uma aventura
material envolvendo o poder, a fama, a ilusão da
matéria.
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