No livro Viagem Espírita em 1862, de Allan Kardec, Casa Editora O Clarim, páginas 22 e 23, defrontamo-nos com valioso texto de Kardec, sobre sua viagem a diversas localidades:
“Várias pessoas, principalmente na província, tinham pensado que o custo destas viagens corria por conta da Sociedade de Paris. Tivemos que explicar esse erro, sempre que se apresentou. Aos que possam ainda pensar assim, lembramos o que foi dito em outra ocasião: a Sociedade se limita a cobrir as despesas correntes e não possui reservas. Para que pudesse constituir um capital, teria que visar o número de adesos: é o que não faz, nem quer fazer, pois seu objetivo não é a especulação, e o número não dá importância aos seus trabalhos. Sua influência é toda moral e o caráter de suas reuniões dá aos estranhos a ideia de uma assembleia grave e séria. Este é o seu mais poderoso meio de propaganda. Assim, não poderia ela prover nenhuma despesa. Os gastos de viagem, como todos os decorrentes das relações que estabelecemos em favor do Espiritismo, são cobertos por nossos recursos pessoais e nossas economias, acrescidos do produto de nossas obras, sem o que ser-nos-ia impossível enfrentar todos os encargos consequentes da obra que empreendemos. Digo isto sem vaidade, mas unicamente em homenagem à verdade e para edificação dos que imaginam que entesouramos dinheiro”.
Eis aí a personalidade autêntica de Allan Kardec a dar o exemplo que os espíritas não devem perder de vista. Um dos pilares positivos do Espiritismo é exatamente esse: focar a influência moral que ele exerce sobre as pessoas.
Com seu comportamento exemplar, Kardec nos mostrou como devemos prosseguir, como podemos mostrar as verdades da vida, como fazer as pessoas, ao aderirem o Espiritismo, terem a certeza de que estão seguindo num caminho positivo.
Creio que há necessidade de um alerta amoroso aos irmãos. Não é tudo que pode ser cobrado. O Espiritismo codificado por Hippolyte Léon Denizard Rivail mostrou-se ao mundo com a inocência, a pureza e a autenticidade de uma criança. Kardec soube muito bem fazer aflorar as verdades do Consolador Prometido. É fundamental prosseguir assim e saber quando o cifrão deve desaparecer em atos que pedem caridade.
Lembro-me certa vez, quando na saída de um palestrante de um centro espírita, ele relutava em receber o dinheiro do combustível. Após a insistência do confrade responsável em pagar, ele acabou aceitando. Isso é correto, afinal ele foi chamado a falar e lutava com apuros financeiros para sustentar a família.
Vender livros e empregar os lucros na manutenção das editoras e em obras de caridade são atitudes louváveis e necessárias.
Promover festas beneficentes tornam-se aconselháveis e úteis.
Existem casos, no entanto, que extrapolam o conveniente. Não é minha intenção acusar e nem julgar. Que se pense, todavia, se os atos vêm correspondendo ao que Kardec nos ensinou.
A responsabilidade com que ele nos legou os livros básicos de nossa Doutrina é tão brilhante quanto a luz que existe no firmamento. Assim, que essa luz possa nortear os passos de todos os estimados confrades.
Usufruam a paz que as reflexões nos fornecem e sintam-se gloriosos ante a presença inolvidável de Cristo.
Sem comprometimento com a simplicidade que encanta, o alicerce individual de confrades iludidos poderá ruir.
Só não ruirá o alicerce da Doutrina, pois este alicerce foi erguido por Jesus.
- Maria Nilceia
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