30 outubro, 2010

Em busca da Espiritualidade






Por João Coutinho









A verdade é filha do tempo e é o tempo que se encarrega em quebrar ou formar novos paradigmas. Assim algumas das verdades de hoje serão os absurdos de amanhã. E é neste ínterim que somos formados, nesta mistura de verdade – ilusão. Nisto, acabamos por fazer uma certa discrepância entre a imagem que temos de si e a imagem que gostaríamos de ter. O que não nos dá um índice de auto-estima e nível de estratégias suficiente para uma busca da espiritualidade com consciência do que realmente estamos fazendo. Acreditamos apenas. A fé e a crença em um Deus passa a ser a nossa única fonte para remover os obstáculos.



A demasiada ingenuidade fez com que tornássemos presas fáceis a todo tipo de mentira. A manipulação de pessoas e da verdade tornou-se objeto de alienação. Até os conceitos básicos para a espiritualização são utilizados como meio de alienação empresarial, dogmáticos e temas principais nas mãos de fundamentalistas e deterministas que ousam manipular para ganhar.



É claro que, com a procura atual de várias pessoas sobre os temas relacionados aos conceitos de caráter espiritual, houve a necessidades de criar métodos para que esses aprendizados fossem transmitidos numa linguagem mais simples. Considerando a liberdade e a determinação para a aprendizagem, tendo em vista, a capacidade humana de se autodirigir. Apareceram novos mestres solitários na busca incessante da espiritualidade.



É por esse pressuposto que a aprendizagem passou também significar perceber a realidade do mundo físico e social, através da experiência vivida, bem como desenvolver habilidades de descobrir em tudo um significado.



O processo de construção e organização pessoal da realidade e sua capacidade de atuar como uma pessoa integrada ao mundo social e espiritual, resulta no crescimento e o desenvolvimento individual para a espiritualização. Para tais requisitos dá se ênfase a vida psicológica e emocional, seu poder de orientação interna, autoconceito, com desenvolvimento de uma visão autêntica de si mesmo e sua capacidade de reconhecer-se como um ser único dentro de um globo de seres e, por fim, uma realidade individual e grupal.



O homem é considerado como uma pessoa situada no mundo. É único, quer em sua vida interior, quer em suas percepções e avaliações do mundo. A pessoa é considerada em processo continuo de descoberta de seu próprio ser, ligando-se a outras pessoas e a tudo ao seu redor.



A integração entre os mundos, para uma pessoa que tem de se preocupar ao mesmo tempo com seu desenvolvimento espiritual e material é independente, autônomo, devendo ser aceito e respeitado. Seus sentimentos e experiências acabam por fazer um papel importante como um fator de crescimento. Sua capacidade e a tendência de autodesenvolver-se, reajustar-se e viver em luta para sobreviver e ao mesmo tempo estar no presente momento no aqui agora, é por demais estressante.



Dentro deste contexto a realidade é um fenômeno subjetivo, pois o ser humano reconstrói em si o mundo exterior e vive em si o mundo interior, partindo de sua percepção, recebendo os estímulos, as experiências, atribuindo-lhes significado. Em cada individuo, há uma consciência autônoma e interna que lhe permite significar e optar.



Desta maneira o mundo é algo produzido pelo homem diante de si mesmo. O homem é o seu configurador. Um dos aspectos básicos da pessoa, que desenvolve no mundo, é o “eu”, que inclui todas as percepções que o individuo tem de seu próprio organismo, de sua experiência, além de considerar a forma como as percepções de outros objetos, pessoas e acontecimentos de seu ambiente. O “eu” do individuo irá perceber diferencialmente o mundo.



A flexibilidade, adaptação e o poder de criação tornam-se imprescindíveis na busca da espiritualização solitária. É importante não manipular. A manipulação com a justificativa de tornar as pessoas mais felizes e de sucessos baseada na propriedade, no consumo, em valores e no dinheiro e não no ser. Não podem ser idealmente concebidas como processo de busca da espiritualidade.



A experiência pessoal e subjetiva e é o fundamento sobre o qual o conhecimento é construído. O conhecimento possui uma característica dinâmica. O conhecimento é inerente a atividade humana e dele depende a conscientização daquilo que se faz de certo ou errado.



Por esse motivo a autodescoberta e autodeterminação são processos inerentes a quem busca a espiritualização. Para isto, não é necessário cortar laços com a sociedade, virar um eremita, tornar-se um monge ou ficar isolado do mundo. Alguns dos princípios básicos são: ter potencialidade para aprender, tendência à realização, capacidade significativa, resistência, abertura a experiência, auto-avaliação, criatividade, imaginação, autoconfiança e independência.



A humildade, o amor e perseverança são responsáveis pelas diretrizes que uma pessoa auto-iniciada deve ter para poder descobrir, captar e compreender o que vem de dentro de si e o que está ao redor. Sua busca incondicional a espiritualidade realizada com liberdade de compreender o seu Eu - Tu e o seu Eu – Isto passa a ter um significado, não apenas como um novo paradigma que o tempo tratou de criar.



Tudo isto não quer dizer que uma pessoa enfadada a ter uma vida sem estímulos, sem atributos e alienada não tem o direito de espiritualizar. O recurso mais natural e mais fácil à manipulação é ainda a religiosidade. Ir de encontro à religiosidade também é um método para aquele que busca a espiritualização.



A verdade pode ser filha do tempo, mas nós também somos. E mesmo que ele seja transitório, nós também somos. Portanto podemos mudar e fazer mudar, e temos a capacidade de ir a busca da espiritualização para sermos, ou até então, verdadeiros humanos.

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