21 junho, 2011

JESUS E A PROSTITUTA




(...)



Por toda a Jerusalém, os seguidores de Jesus, dantes entusiasmados com sua doutrina de amor, esquivavam-se temerosos da própria situação. Na mente de todos, uma só indagação ecoava, retumbando o mais profundo desalento: “Por que, Senhor? Por quê?”



Três dias se passaram até que a notícia gloriosa percorreu toda a cidade: Maria de Magdala havia visto o Senhor!



Em breve tempo, o angustiante silêncio fez-se em grande algazarra!



O falatório eclodiu com força. Opiniões sucediam-se itempestivas. Desencontro de informações gerava nova inquietude no ar.



A grande alegria da volta de Jesus misturava-se à reprimenda e à dúvida de muitos:



- “Mas como? O Senhor voltou da casa da morte para se mostrar a uma mulher reconhecidamente de má vida? Como pode ser isto? Como aceitar semelhante acontecimento sem reservas? Por que razão misteriosa Jesus escolhera Maria de Magdala para dar a notícia da ressurreição? Poderia a Boa Nova da vida eterna vir ao mundo pela boca de uma prostituta?”



Os ânimos se exaltavam.



Em breve, novos acontecimentos incendiaram os corações:



- “Onde estaria o corpo de Jesus? Que teria sido feito dos despojos sagrados do Cristo?”



Em casa de Maria Marcos, a contenda também se instalara. Diversos amigos e seguidores do Nazareno ali acorriam em busca de notícias novas, sabedores de que Maria de Nazareth lá estava.



A serena Senhora atendia a todos com bondade e paciência.



No íntimo, rejubilava-se com a notícia de Maria de Magdala, compreendendo-lhe o sublime alcance. Nem uma sombra de dúvida lhe enevoou o pensamento lúcido.



Seu coração não se enganava.



Seu filho adorodo, Jesus, o Cristo de Deus, voltara da morte para o testemunho supremo da vida eterna.



A morte fora vencida para sempre na face da Terra.



Tinha grande alegria no coração ao sentir a verdade nas palavras de Madalena.



Sabia que aquela aparição de Jesus converter-se-ia em grande ensinamento para todos quantos se lhe aproximassem da mensagem de verdade e vida.



Madalena representaria para o mundo a quebra de todas as aparências e de todos os enganos.



As exterioridades do mundo dariam lugar às realidades do espirito.



A outrora pecadora perante os olhos do mundo converter-se-ia na mensageira da redenção.



Todos eram convocados à renovação espiritual com o Cristo, não importando jamais os erros e as culpas de enganos passados.



Maria meditava a grandeza da mensagem de seu Filho, que retornava do Além para a alegria de todos.



Enfim, compreendera que a mensagem do Evangelho era a grande notícia da vitória espiritual do homem sobre si mesmo, pela redenção final do espírito, em alegria, amor e luz!



Tudo isto entendera o coração magnânimo de Maria.



Contudo, o ambiente em torno estava turvo nas águas da discórdia.



Os próprios discípulos mais diretos do Cristo não aceitavam a presença de Maria Madalena entre eles.



Vendo que seria inútil recomendar suas reflexões mais íntimas aos doze apóstolos de seu Filho amado, preferiu silenciar, esperar e orar.



Sugeriu, com imensa ternura e sabedoria, que Maria de Magdala partisse de Jerusalém de volta a Cafarnaum, no que foi prontamente atendida.



Livro: Ignácio de Antioquia – Episódios Históricos do Cristianismo Primitivo



Geraldo Lemos Neto, pelo Espírito Theophorus



Vinha de Luz Serviço Editorial





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