(...)
Por toda a Jerusalém, os seguidores de Jesus, dantes entusiasmados com sua doutrina de amor, esquivavam-se temerosos da própria situação. Na mente de todos, uma só indagação ecoava, retumbando o mais profundo desalento: “Por que, Senhor? Por quê?”
Três dias se passaram até que a notícia gloriosa percorreu toda a cidade: Maria de Magdala havia visto o Senhor!
Em breve tempo, o angustiante silêncio fez-se em grande algazarra!
O falatório eclodiu com força. Opiniões sucediam-se itempestivas. Desencontro de informações gerava nova inquietude no ar.
A grande alegria da volta de Jesus misturava-se à reprimenda e à dúvida de muitos:
- “Mas como? O Senhor voltou da casa da morte para se mostrar a uma mulher reconhecidamente de má vida? Como pode ser isto? Como aceitar semelhante acontecimento sem reservas? Por que razão misteriosa Jesus escolhera Maria de Magdala para dar a notícia da ressurreição? Poderia a Boa Nova da vida eterna vir ao mundo pela boca de uma prostituta?”
Os ânimos se exaltavam.
Em breve, novos acontecimentos incendiaram os corações:
- “Onde estaria o corpo de Jesus? Que teria sido feito dos despojos sagrados do Cristo?”
Em casa de Maria Marcos, a contenda também se instalara. Diversos amigos e seguidores do Nazareno ali acorriam em busca de notícias novas, sabedores de que Maria de Nazareth lá estava.
A serena Senhora atendia a todos com bondade e paciência.
No íntimo, rejubilava-se com a notícia de Maria de Magdala, compreendendo-lhe o sublime alcance. Nem uma sombra de dúvida lhe enevoou o pensamento lúcido.
Seu coração não se enganava.
Seu filho adorodo, Jesus, o Cristo de Deus, voltara da morte para o testemunho supremo da vida eterna.
A morte fora vencida para sempre na face da Terra.
Tinha grande alegria no coração ao sentir a verdade nas palavras de Madalena.
Sabia que aquela aparição de Jesus converter-se-ia em grande ensinamento para todos quantos se lhe aproximassem da mensagem de verdade e vida.
Madalena representaria para o mundo a quebra de todas as aparências e de todos os enganos.
As exterioridades do mundo dariam lugar às realidades do espirito.
A outrora pecadora perante os olhos do mundo converter-se-ia na mensageira da redenção.
Todos eram convocados à renovação espiritual com o Cristo, não importando jamais os erros e as culpas de enganos passados.
Maria meditava a grandeza da mensagem de seu Filho, que retornava do Além para a alegria de todos.
Enfim, compreendera que a mensagem do Evangelho era a grande notícia da vitória espiritual do homem sobre si mesmo, pela redenção final do espírito, em alegria, amor e luz!
Tudo isto entendera o coração magnânimo de Maria.
Contudo, o ambiente em torno estava turvo nas águas da discórdia.
Os próprios discípulos mais diretos do Cristo não aceitavam a presença de Maria Madalena entre eles.
Vendo que seria inútil recomendar suas reflexões mais íntimas aos doze apóstolos de seu Filho amado, preferiu silenciar, esperar e orar.
Sugeriu, com imensa ternura e sabedoria, que Maria de Magdala partisse de Jerusalém de volta a Cafarnaum, no que foi prontamente atendida.
Livro: Ignácio de Antioquia – Episódios Históricos do Cristianismo Primitivo
Geraldo Lemos Neto, pelo Espírito Theophorus
Vinha de Luz Serviço Editorial
Para mudar o mundo é preciso mudar a si mesmo.
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