É preciso ver o carinho com que um harpista trata a sua harpa!
Ele a dedilha como quem acaricia uma criança a repousar nos seus braços.
Sua vida gira em torno dela. Mas, observemos quando ele a afina.
Toma-a com firmeza e num movimento brusco, fere-lhe uma corda, e enquanto ela estremece como num ai, ele se inclina sobre ela atentamente para apanhar o primeiro som que vem. A nota, como ele temia, é desafinada e áspera.
Ele vai esticando a corda com a torturante cravelha, embora ela pareça pronta a rebentar pela tensão, ele ainda a fere de novo, inclinando-se para ouvi-la, atento como antes, e assim prossegue, até que lhe vemos um sorriso no rosto, quando o primeiro som limpo e perfeito se faz ouvir.
Pode ser que Deus esteja lidando assim conosco.
Ele nos ama muito mais do que um harpista ama a sua harpa, mas encontra em nós um conjunto de cordas desafinadas. Por meio da angústia, Ele vai ajustando as cordas do nosso coração, Ele se inclina sobre nós com ternura, ferindo a corda e escutando, ouvindo apenas uma queixa áspera. Fere de novo, enquanto o Seu próprio coração sofre por nós, esperando ansiosamente por aquela melodia:
"Não se faça a minha vontade e sim a Tua" que é doce aos Seus ouvidos, como o canto dos anjos. E não cessará de ferir a corda, até que nossa alma, disciplinada pela dor, se harmonize com as harmonias do Seu próprio ser.
(Lettie Cowman)
Nenhum comentário:
Postar um comentário