14 julho, 2011

QUANDO UM MENTOR SILENCIA... - POR CHRISTINA NUNES

Desafios. Dilemas doloridos do cotidiano... Quem não os tem?!...



Pois esta semana os enfrentei. E - confesso! - qual acontece volta e meia com o ser humano mais prevenido, mais centrado, nalgum momento os problemas pegam alguém desavisado. Em má hora. Num instante qualquer de maior fragilidade, de despreparo para situações que, afinal, e como acontece com todas as outras, não contam com ensaio anterior para que possamos avaliar como será o nosso desempenho.



Assim, por conta de acontecimentos extemporâneos que me colheram num destes momentos de vulnerabilidade maior, acabei perdendo as estribeiras. E durante uns dois ou três dias vivi momentos difíceis, que me roubaram a fleuma habitual no trato com as eventuais dificuldades. Hora houve em que chorei, e só me faltou sapatear de raiva, de desnorteamento.



Sem me descuidar completamente, todavia, da necessidade de temperar atitudes e pensamentos a fim de não me desplugar, em autêntica pane, das dimensões invisíveis onde residem os mentores com os quais convivo na nossa lide literária de caráter mediúnico, fiz por onde, antes do sono noturno, ou em momentos de isolamento, apelar para a bênção medicamentosa da prece - remédio eficaz, certeiro para todos os males da alma!



Em desamparo, olhava a bela imagem de Jesus sobre o santuário de minha sala, e entregava-lhe a situação para a qual me acreditava despreparada para conduzir a contento. Confiei minhas preces, atitudes, e o curso dos acontecimentos, ao Mestre da mansuetude, que desde sempre a tantos reconforta em momentos de aflição! E rogava dEle, também, a graça do concurso do mentor das esferas invisíveis que me é mais próximo. Pedia reconforto, rumo; um indicativo qualquer da parte dele de que estava ao meu lado; de que, de fato, não me achava só!...



Destarte, passavam as horas, e só obtinha silêncio!



E a exasperação ia aumentando, e a sensação de desorientação se acentuava. Até que, não podendo comigo mesma, lá pelo terceiro dia do impasse, sozinha em casa, postei-me, decidida, diante do retrato mediúnico pendurado na parede de um outro ângulo de minha sala. E me entreguei a diálogo duro, e - pobre de mim! - completamente insensato!



- Será que você não vê o que está acontecendo aqui? Veja! Estou sozinha aqui, agora! Não poderia me dar pelo menos um indicativo de sua presença perto de mim, neste momento difícil que estou atravessando?! Um sinal qualquer aqui em casa, ou um demonstrativo de que de algum modo está influenciando de maneira benéfica a pessoa em questão! Estou seriamente aborrecida com você, Caio!...



Esperei, sisuda, tonta, sentada sozinha no silêncio de minha casa. Totalmente esquecida, no meu estado de transtorno, da metodologia presente em anos de convivência, pela qual meu paciente mentor costuma se manifestar em diversas situações importantes de minha vida - pela linguagem mental, telepática! - afora nos momentos em que se empenha na parceria mediúnica da psicografia, durante a produção dos livros.



Mas, ainda assim, nada de diferente acontecia!



Olhei o relógio. Era hora de buscar minha filha na escola. Sem poder me demorar mais, e momentaneamente desanimada de tudo, relanceei o olhar decepcionado no belo retrato mediúnico, onde a imagem solene do antigo militar romano parecia me contemplar com amorosidade e incrível realismo, e como se a me dizer: quantas vezes ainda terei que lhe advertir da mesma coisa?...



Cheguei ao colégio e, isolada do agitado aglomerado de mães, pais e parentes que compareciam para buscar suas crianças, ensimesmei-me enquanto esperava, acomodando-me no batente de uma escadinha, e contemplando o arvoredo compondo silhuetas caprichosas por sob o céu límpido do entardecer de outono. Durante breve instante, desliguei-me da realidade em volta, e da saída das crianças debandando em alvoroçado alarido.



E foi neste estado de breve desligamento que, súbito, forte, afinal a voz, tão familiar ao meu espírito, se fez ouvir!



- Por que você não larga mão desta situação de uma vez?! Saia do controle! Abra mão, confie no fluxo da vida! Olhe para este céu azul imenso, infinito, acima de você! Acha mesmo que o Criador disso tudo, que sustenta o equilíbrio de todas as coisas no Universo, não conduzirá a contento este impasse de importância tão relativa na totalidade dos acontecimentos?!... E repetia, enfático - Entregue! Se não atina com uma saída por enquanto, abra mão! Confie! Fique apenas quieta durante algum tempo! Silencie! E observe o curso dos acontecimentos!...



Disse-me apenas isto. E tudo silenciou novamente.



Para mim, todavia, e mesmo a despeito da minha desolação e esmorecimento íntimo, aquilo foi o suficiente. Afinal, fora atendida na minha súplica cheia de inconformação, própria daquelas horas em que um eclipse total ofusca os nossos melhores dotes de lucidez espiritual!



E silenciei. Nos dias posteriores - não sem certa dificuldade íntima, forçoso reconhecer, contra os impulsos irrefletidos adotados anteriormente -, refiz minhas atitudes e pensamentos. Mudei radicalmente a minha postura frente às circunstâncias que vinham me emperrando naquele impasse.



E, maravilha! Como prevenira o mentor do mundo maior, sempre oportuno na sua interveniência - tudo se deslindou a contento, como em encantador passe de mágica!



Eis o relato franco aos leitores amigos, no intuito de compartilhar mais um aprendizado útil, sobre o sábio modo de atuação de guias e amparadores desencarnados que lealmente nos acompanham da vida invisível aos olhos físicos - respondendo-nos, conforme o caso, com o silêncio!



Porque, queridos, é no silêncio que muitas vezes deslindaremos as aparentemente mais difíceis situações!







PAZ, MUITA PAZ!





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