Fato curioso movimentou, esses dias, a crônica policial. O funcionário do Hospital Municipal de Erechim (RS), Edisson da Silva Castro, havia 14 anos morava na cidade. Servidor exemplar e pai de família amoroso, querido de todos. De repente, o escândalo: Edisson era foragido da Justiça do Rio de Janeiro, condenado a 11 anos de cadeia, por extorsão e roubo. Preso, foi levado ao Rio para cumprir a pena.
Publiquei no jornal Zero Hora (22/7/2011) uma crônica dizendo que, se dependesse de mim, Edisson não teria sido preso. A pena mais útil que lhe poderiam aplicar seria a de continuar trabalhando no hospital e cuidando de seus filhos, com a mesma dedicação demonstrada desde que se mudou para lá. Tudo bem que lhe descontassem parte do salário para indenizar suas vítimas. Edisson, com certeza, tinha noção do mal que fizera. Mudou de cidade, de trabalho. Casou, teve filhos. Levava uma vida útil. Arrependeu-se e se emendou. Qual a vantagem de trancafiá-lo na cadeia, agora? Mera vingança social?
Não disse na minha crônica de ZH, mas digo agora. Na vida do espírito, as coisas transcorrem mais ou menos assim. Vida, morte e renascimento são diferentes experiências de aprendizado em busca de melhoria. Quando reencarnamos, simplesmente mudamos de casa. Trazemos em nossa bagagem as doces e amargas experiências, as íntimas recompensas e o arrependimento por atos antes praticados. Reencarnação não é punição. É recomeço em busca da dignidade perdida. Avanço no caminho do conhecimento e da virtude. Como Edisson tentou fazer. Que pena que o prenderam!
A lei da reencarnação muito tem a ensinar ao exercício da justiça humana. Bem mais do que o dogma das penas eternas, revelador de um deus vingativo e cruel.
Milton Medran - Porto Alegre (RS), medran@via-rs.net
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