18 dezembro, 2010

Escute a sua voz interior


Sombras Internas
Hoje quero compartilhar com vocês um conto coreano zen que nos faz refletir sobre a nossa sombra e o grande desafio de nossos dias: a autoconsciência.
“Uma bela manhã, um príncipe descobre dois pontos vermelhos e dolorosos em sua coxa. Supondo que são mordidas de insetos, ele manda queimar os lençóis de seda e prossegue em seus afazeres. Mas a noite, ele observa que os dois pontos transformaram-se em um par de olhos furiosos e aguçados. Quando acorda, eles estão acompanhados por um par de narinas abertas. Aterrorizado, o príncipe enfaixa a perna, para cobrir sua aflição e ignora os sons da respiração que começam a surgir da perna.
Naquela noite, abraça as pernas com as mãos e quase perde dois dedos: o sintoma agora tem uma boca. Nesta altura, ele chama o cirurgião da corte para cortar o rosto fora. Por vários meses, a vida volta ao normal. Então, um dia, quando está cavalgando, um grito vem de sua perna: o sintoma voltou disposto a se vingar. E surgem rumores de que o príncipe está possuído por demônios.
Um monge errante conta ao príncipe sobre uma fonte sagrada protegida por Kuan Yin, a deusa da compaixão, cujas águas milagrosas curam todas as feridas e ele, ansiosamente, viaja para lá. Quando está prestes a jogar água sagrada sobre o detestado rosto para silenciá-lo para sempre, a boca grita: “Todo este tempo, você nunca olhou para mim e nem tentou entender uma única palavra do que eu disse. Você não me reconhece?
O príncipe, olhando de perto, de repente reconhece uma semelhança distorcida com seu próprio rosto e começa a chorar. Quando faz isso, os olhos em sua perna amolecem e se transformam nos olhos da própria Kuan Yin. “Você não tinha o coração da compaixão, diz ela. Nem a espada do autoconhecimento. O que mais eu podia fazer para mostrar-lhe sua verdadeira natureza?” E o príncipe e a deusa conversaram noite adentro sobre um sofrimento secreto que perturbara o sono do príncipe muito antes do rosto aparecer. Quando o sol surge, o príncipe está curado.”
Para refletirmos:
Todos nós, em algum momento de nossas vidas, já nos deparamos com nossos monstros internos, “demônios” ou sombras – o nome que se dá a esta parte tão relegada de nosso eu interior fica por conta de cada um – uma parte que fica esquecida nos porões de nossa mente, na escuridão de nossa alma e que nos recusamos a ouvi-las, dialogar com elas, pois isso significa entrar em contato com nossas feridas internas, tristezas, raivas, mágoas, ressentimentos, vergonhas e tantas outras emoções guardadas a 7 chaves.
São diversas as tentativas destas partes em se comunicar conosco: sonhos, medos vagos, ansiedades, depressões, o famoso “vazio interno” e, tantos outros sintomas que vão atingindo o nosso corpo físico.  Se mesmo assim, nos recusamos a tomar consciência dessa voz interna, reprimindo-a cada vez mais, em algum momento de nossas vidas, talvez décadas mais tarde, onde nem mais nos lembramos do que tanto guardamos, o sintoma irrompe com muita força e fúria, através de doenças mais sérias: câncer, infarto, dores crônicas e não diagnosticadas, onde somos literalmente parados e obrigados a fazer uma reavaliação de nosso estilo de vida, da forma como encaramos o mundo, da nossa percepção das pessoas e de nós mesmos.
O sintoma nos torna honestos!
Eis o grande desafio do homem de hoje: ao fazer o caminho de volta para si mesmo, por meio da autoconsciência, ir ao encontro de sua sombra, ouvi-la, aceitá-la, reconhecer que estamos diante de uma parte que somos nós mesmos e assim, nos libertarmos de seu domínio.
Pare agora! Sempre é tempo de se conhecer, reavaliar seus padrões internos, pensamentos e palavras, conhecer quais atitudes positivas restabelecem a sua saúde física, psíquica e emocional.
Pense nisso…
Bons ventos lhe soprem o que precisa para ser feliz!
Márcia de Lucena Saraceni

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