Da correspondência entre Chico Xavier e Wantuil de Freitas, ex-presidente da Federação Espírita Brasileira, hoje no Plano Espiritual, inserta no livro Testemunhos de Chico Xavier, de Suely Caldas Schubert, FEB, 1ª edição, à página 272, surpreendemos o seguinte trecho, em carta datada de 11 de janeiro de 1950, que nos parece de grande oportunidade nos tempos que correm:
“(...) Tive notícias da desencarnação do nosso companheiro Félix, pelo irmão Victor Torquato(...) sabendo, porém, através dele, que o antigo servidor da Casa de Ismael desencarnou quase que de improviso.
Tens muita razão nas referências ao... O caso dele é uma lição viva para nós. Emmanuel costuma dizer-me que “quando aceitamos o incenso do mundo, vamos perdendo o contato com a Vontade de Deus”. É um quadro triste observar o nosso amigo agitando-se em semelhante zona de incompreensão. É um problema estranho que não decifrarei nesta encarnação, porque é quase incrível reparar uma pessoa com tanta luz a comprazer-se nas sombras. Enfim...”
Percebe-se das expressões de Chico que ele se refere a um companheiro de ideal que se deixou levar pelas ilusões e futilidades próprias de nosso plano, onde o egoísmo e a vaidade ainda ditam normas de proceder.
Nesse sentido, permitimo-nos fazer nossas algumas das colocações da autora, às páginas 273/274:
“Referindo-se a determinado companheiro, Chico repete frase de Emmanuel, ao dizer que “quando aceitamos o incenso do mundo, vamos perdendo o contato com a Vontade de Deus”.
O incenso do mundo tem distraído muitos trabalhadores em suas tarefas. E não poucas vezes os afasta definitivamente de compromissos e responsabilidades.
À medida em que o homem se embrenha no cipoal das convenções e honrarias terrestres, deixando-se absorver por elas, mais irá se afastando das atividades que o aproximam de Deus.
É claro que o homem pode servir aos interesses divinos em quaisquer circunstâncias. Benfeitores da Humanidade existem por toda parte e expressam-se através de obras as mais diversas nos inúmeros segmentos da vida humana(...)
Emmanuel, porém, refere-se àqueles que assumem determinado tipo de compromisso. E, mais especialmente em nossas fileiras.
A Vontade de Deus, na frase, representa, portanto, o compromisso assumido.
Distrair-se com as superficialidades do mundo é prejudicial para os que têm tarefas específicas. Para estes, os ensejos surgem, propiciando-lhes testemunhos nos setores em que atuam.
O incenso do mundo, inebriante como sempre, afasta o trabalhador e o desvia de seus deveres.
Chico explica que esse amigo está em situação difícil. Sendo portador de excelentes qualidades, e tendo a luz do conhecimento, deixou-se envolver pela fatuidade, que, no caso, é sombra no campo de suas responsabilidades.(...)”.
Sem o sentido de crítica, mas, ao contrário, em tom de branda e amorosa advertência. Chico, como sempre, nunca perde a oportunidade de proporcionar um benefício aos que com ele têm a graça de conviver ou apenas contactar, mesmo que seja por poucos minutos.
Par os que laboramos na seara espírita, essa caridosa advertência ser-nos-á de grande valia, se dela soubermos tirar proveito.
Para isso, porém, temos que nos imbuir de uma forte dose de humildade e uma boa pitada de autocrítica, o que não tem sido comum em nosso meio.
Jornal Folha Espírita – Nov/1999
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