11 janeiro, 2011

TERCEIRO MILÊNIO


Certa ocasião, perguntaram ao Chico Xavier se a entrada no Terceiro Milênio representaria uma grande mudança no rumo da História, se a humanidade entraria - como se costuma propagar - numa nova era, onde poderíamos viver mais pacificamente, extirpando a injustiça social, a violência, a corrupção e a miséria da face da Terra. Chico respondeu>:


"Quando tivermos mais escolas gratuitas para todos, mais trabalho, mais justiça social, estaremos, de fato, entrando na Nova Era. O Terceiro Milênio, sem dúvida, é promissor, mas talvez os progressos que estamos esperando só venham a acontecer daqui a 500, 700 anos... Estaremos dentro de uma marca do Terceiro Milênio, não é? Precisamos entender que as coisas não vão se modificar à força do calendário... Pelo andar da carruagem, completou Chico - ainda vamos ter que trabalhar muito, saneando o nosso mundo íntimo..."

É interessante analisar esta resposta do Chico, porque ela se encaixa nos princípios da Doutrina Espírita. Nós, seres humanos, de uma maneira geral, ainda não aprendemos que nada se conquista de graça, que tudo é construção, trabalho e esforço e que a Humanidade, do ponto de vista moral, só se desenvolverá mesmo, quando casa pessoa começar a se preocupar em mudar-se a si mesma. Como queremos mudar o panorama do mundo, se o homem ainda é egoísta? Como pretendemos estabelecer um mundo de justiça, se ainda não sabemos agir com justiça até mesmo dentro de nossa própria casa? Não se trata, portanto, de se instituir uma ordem política ou econômica, mas de mudar o homem na sua intimidade. É isso que a Humanidade ainda não entendeu. Podemos, assim, elaborar, tecnicamente, o mais perfeito programa para estabelecermos a ordem social no país, mas esse plano só será, de fato, realizado, se as pessoas estiverem preparadas para executá-lo. E esse preparo depende de nossos princípios morais e do esforço de cada um em colocá-los na prática de nossa vida cotidiana. Além disso, precisamos entender também, que as mudanças não ocorrem repentinamente, que a vida humana é muito curta para poder apreciá-las de verdade. O que são 40, 60, 80 ou 100 anos na História da Humanidade? Quase nada. Se tivéssemos apenas uma vida sobre a Terra, o que poderíamos apreciar nesse sentido?

As mudanças profundas no caminhar a Humanidade vão ocorrer através dos séculos e dos milênios, de modo que não vamos colocar a nossa casa em ordem, antes de compreendermos que a mudança do mundo começa pela mudança de nós mesmos, na vivência e na convivência de Jesus: ele acreditou que o homem poderia mudar, que o homem poderia amar e que só o amor transformaria o mundo. Não foi outro, também, o ideal de Buda, de Sócrates, de Francisco de Assis, de Gandhi, de Chico Xavier, de Madre Tereza de Calcutá e de tantos outros Espíritos que aqui reencarnaram. A esse respeito, Chico Xavier conclui com uma mensagem de otimismo:

"Com certeza, a Terra ainda vai demorar muito a apresentar as melhoras que esperamos... O progresso espiritual das massas depende do progresso espiritual dos indivíduos, que sem dúvida, acontece com certa lentidão. Todavia, não podemos negar que, de Jesus para cá, em termos espirituais, as coisas deram um salto muito grande. Dois mil anos não é tanto tempo assim... Aos poucos, a noção de fraternidade vai ganhando terreno... Hoje, as religiões já estão preocupadas com a vivência do amor - antes, era somente a adoração ritualística...

Cada alma que se sensibiliza, entregando-se ao Evangelho, passa a ser um ponto de influenciação espiritual para muitas outras. O futuro é promissor. Não podemos querer que tudo se modifique - como alguns amigos que ensinaram a dizer - a toque de caixa"...

(artigo publicado na Revista Espírita Informação, nº 396, de setembro de 2009) 

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