08 dezembro, 2010

A Educação da Nova Civilização


Perante a realidade que se nos apresenta em forma de crianças diferentes das passadas gerações, é compreensível que a educação antiga tem urgência de radicais modificações.
O sistema arcaico de competição que impera em todas as áreas humanas necessita ser revisto porque a intensidade arrepiante da violência de nossos dias pede esta mudança.
Analisando friamente a educação tradicional e os métodos que regem as criaturas em todos ambientes observamos que tudo leva à formação de pessoas com alto grau de competitividade. Começando pelos jogos infantis e mesmo dos adultos, veremos que o jogo acaba quando um perde e outro ganha. Ganhar torna-se a finalidade de quase tudo que o homem faz, mas perder que também faz parte do jogo nunca é desejado ou ensinado.
Nas escolas o sistema de notas que avalia o rendimento escolar gera também, mesmo sem esta intenção, a disputa por notas maiores. É comum vermos mães reunidas na porta da escola indagando umas às outras sobre o boletim dos colegas dos filhos, tentando assim, avaliar se seu filho está recebendo notas superiores aos companheiros de classe. Nem sempre uma nota alta na escola mostra o verdadeiro aprendizado da criança ou jovem.
Tirar notas altas ou passar de ano escolar não deve ser meta de nenhum educando, somente o aprendizado em forma de conhecimento e sabedoria.
Nem sempre os melhores alunos escolares serão os adultos bem sucedidos na vida.
Os esportes que embora tragam benefícios ao corpo seguem a mesma diretriz que é ganhar ou perder. Ser o melhor é a meta. Gerando a grande competitividade dos tempos atuais e as disputas que fazem nascer animosidade entre os oponentes formando grupos fanáticos e agressivos. O esporte em si nada possui de repreensível, até afirmamos que se usado de forma sadia traz somente benefícios e induz a fraternidade gerada pelo espírito esportivo que, no fundo, é sintoma de humildade.
Seria o caso de analisarmos que a humanidade seria diferente e melhor se as crianças não fossem educadas para competir, começando pelos simples jogos infantis. Eliminando brinquedos semelhantes a armas e bonecos guerreiros que induzem as crianças à luta onde a finalidade é também de ganhar derrotando o oponente. Acabar com brincadeiras de matar ou morrer de mentira que é muito comum entre os meninos. Também deveriam modificar a noção de super-heróis que não é aquele que soca, mata e prende os “bandidos”, mas sim, aquele que tenta transformar os bandidos em “mocinhos”, sem usar a violência. Não se combate o fogo com fogo e sim, com o elemento contrário.
É urgente uma modificação na educação infantil, tanto nas escolas como nos lares. A criatura humana não nasceu para competir e ganhar sempre; seu nascimento se deve a importância do desenvolvimento espiritual que é comum a todos, igualmente. Evoluir não é se sobrepuser aos outros, ser melhor ou maior que todos e “vencer na vida” não comporta carreira profissional e sim, superar a si mesmo eliminando sua inferioridade.
Muitos pais costumam fazer os filhos estudarem com afinco mais para se sobreporem aos colegas em notas e rendimento escolar do que com finalidade de aprendizado. Não dizem aos rebentos: “estudem porque a competição lá fora está brava, só vence quem é o melhor”? Que sentimento é este senão o de estímulo para seus filhos competirem?
A única luta que necessitamos é aquela que impomos a nós mesmos para amadurecermos espiritualmente. Perdemos tempo precioso na competição diária dentro de nosso lar, no trabalho, na escola e na sociedade, tentando arduamente ser o melhor, ter mais, saber mais do que os outros; enfim, competindo sempre.
Pensamos que não somos competitivos, mas esquecemos que quando notamos um amigo com carro novo, com o cargo diretivo que queríamos, com rendimentos superiores ao nosso, uma casa moderna e atraente, sentimo-nos incomodados e nem notamos que a inveja nos invade levando-nos a fazer algo para superar os outros.
Comumente ouvimos que a competição estimula o crescimento e a busca pela melhoria nos variados desempenhos da vida, mas estando ciente da verdadeira finalidade da existência que é o crescimento espiritual nenhum valor terá no plano do espírito ter recebido uma medalha, um salário elevado e cargos de destaque na vida terrena. Desde que somos imortais, seria de bom alvitre viver em busca de tudo que conservaremos para a eternidade.
A educação de toda infância deve visar, em primeiro lugar, o desenvolvimento do sentimento de amor e a sabedoria.
Nesta nova era que estamos vivendo a competição será derrubada pela confraternização. O melhor dos homens será aquele que for mais fraterno e que irá procurar mais se doar do que adquirir. Competir não terá mais graça porque a dor e a perda do próximo serão sentidas como a própria.
A criatura espiritualizada não terá mais prazer em se engrandecer para se sobrepor, mas apenas para auxiliar. Não necessitamos ser melhor que os outros, e sim, ser melhor hoje do que fomos ontem.
Miryã Kali/ MLucia
(trecho do livro: "Crianças da Nova Civilização")

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